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quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Ofício do Sacerdócio.

Boa quinta-feria caros leitores, estimados colegas, amigos e seguidores, alguns devem estar se perguntando o motivo pelo qual depois de tampo tempo estou voltando a postar, como a frase diz: " A ocasião faz o ladrão", mas não se trata de um furto ou roubo, pelo menos não meu, mas de muita gente que está furtando ou roubando a confiança alheia sem o preparo necessário. Eu não devo postar com a mesma freqüência que antigamente por já ter abordado inúmeros assuntos, mas quando eu observar necessário falar sobre um assunto o mesmo será feito, também deixo aqui um e-mail para que enviem suas dúvidas e sugestões, se bem que o mesmo pode ser feito aqui pelo blog em comentários, segue o endereço do e-mail: heidhinn.hjarta@yahoo.com.br Essa postagem visa não só adverti-los sobre os perigos do falso sacerdócio como também prepará-los para a situação de uma forma madura e útil na sua caminhada dentro da senda do neo/paganismo nórdico, então mãos a obra e boa leitura.

A princípio vamos ponderar os passos básicos sobre espiritualidade. Sabemos que a fé é algo completamente diferente da religião, estão ligadas, pois uma é instrumento da outra, mas elas podem existir independentemente uma da outra. Fé é a sua capacidade de crença em alguma coisa, seja numa divindade, numa profecia, num objetivo ou em você mesmo, a religião se mostra como uma organização e codificação de um grupo de crenças numa iniciativa meramente mortal justificada, verdadeiramente ou não, em inspiração divina em muitos casos. O interessante é observar que a fé para o indivíduo não precisa de um interprete, já na religião, sua manifestação coletiva e organizada, é necessária a presença de uma figura que faça isso. Entretanto a presença de um intérprete não garante a sinceridade do sentimento de fé de um indivíduo em meio a um grupo, que pode estar lá por mera convenção social ou para poder se identificar com uma faceta da sociedade. Logo concluímos que pode existir fé sem religião e que existe religião sem fé. Ponderado sobre isso, podemos avançar.

Nos antigos povos da Escandinávia surgiu com a evolução da sociedade a figura do Goði/ feminino Gyðja/ plural Goðar, que na maioria dos casos era representado pelo chefe de família, uma pessoa com experiência de vida suficiente para ter capacidade suficiente de ponderar, sob o uso do bom senso e conforme as crenças que regiam a fé daquela família, sobre as questões morais, éticas e espirituais da família, servindo como um guia espiritual pela sabedoria absorvida com o seu tempo de vida havia adquirido, por conta disso obviamente se tratava de uma figura de respeito na sociedade, e conseqüentemente com influência política, pois toda sociedade em maior ou menor grau é organizada de alguma forma política. Cabia a ele também exercer a coordenação dos ritos daquela família, logo cada família tinha seu sacerdote e a tribo por sua vez, formada por várias famílias, tinham como sacerdote o chefe tribal também um Goði. Para se ter uma noção do poder que os goðar alcançavam na sociedade, na Islândia onde ocorria, e de certa forma ocorre até hoje, o Alþing, a reunião que decide os rumos da Islândia e onde se julgavam os crimes e disputas judiciais, neste lugar eram os goðar que se pronunciavam. 

Ok, mas e o que você tem haver com tudo isso? Tudo depende do grau de consciência que você tem sobre esses fatos e a conseqüente importância que dará a eles. Com o ressurgimento da nossa fé desta forma atual e moderna com elaborados ritos, calendários, termos, e demais ofícios, com esta atual onda de oficialização de uma religião neo/pagã nórdica aqui no brasil, assunto do qual tratarei em postagem futura, muitas pessoas tem despontado com o "Título" de Goði/Gyðja. Essas nobres pessoas, algumas não tão sobres assim como vão poder observar, estão se dando ao trabalho muitas vezes voluntário outras por falta de alguém que o faça, de guiar kindreds/clãs/famílias, dentro da fé nórdica. Essas pessoas estão sendo responsáveis até certo ponto pelos rumos que o neo/paganismo vai tomar nessas terras a pelo menos duas décadas, e provavelmente mais. Entre estes respeitáveis membros temos neonazistas, wiccatru e aproveitadores da fé e falta de informação alheia, mas claro temos também as pessoas que com ou seu conhecimento têm boa-fé, boa índole, boa vontade, pessoas que realmente querem ajudar os seus próximos, a sua fé e honrar seus ancestrais e os Aesir, os Vanir e até os Jotnar, em alguns casos, e toda sorte de seres que se agreguem ao nosso universo espiritual.

Sabemos que você pode ter sua fé e não se preocupar com o que alguém te diz, é uma escolha, mas também não se pode reclamar que o caminho será mais árduo e com maiores chances de erro, entretanto cedo ou tarde os solitários acabam aprendendo, não importa o quanto isso demore. Também há aqueles grupos de pessoas que querem viver a experiência familiar, que é muito importante, mas não obrigatória, claro estas pessoas são mais dependentes desta figura sacerdotal, então você tem um indivíduo responsável pela fé e pelos pensamentos que vão influenciar diretamente as escolhas e reflexões de um grande grupo de pessoas, tecnicamente são responsáveis por parte da vida destas pessoas que confiaram o rumo de sua fé a este indivíduo, não somente isso mas também sabemos que indivíduos possuem pouco poder político em uma sociedade, mas coletivos não, logo o que pode um evangélico fazer a favor de sua fé e contra a dos demais? Nada podemos responder, mas e o que pode uma bancada inteira evangélica no Congresso Nacional fazer a favor de seus pastores e ovelhas e contra nós e os de outras crenças? Então agora você começou a entender o que você tem haver com tudo isso? De qualquer forma a escolha e o caminho pertencem a vocês, mas o indiferente não pode reclamar da guerra que bate a porta de sua casa quando já escutava as trombetas de longe. Então se queremos que nossa fé tome o melhor rumo para todos precisamos saber no "grupo todos" como essa maioria está sendo guiada e influenciada. Óðinn inspire essas almas a fazer o que é certo.

Logo, o que é preciso para ser um Goði/Gyðja? Muitas coisas, mas primeiro e mais importante de tudo bom senso e comprometimento, as questões pessoais não devem permitir que seu ponto de vista influencie a vida dos outros, é necessário maturidade não só para ajudar a guiar a fé de muitos, mas também o próprio comportamento, logo os Goðar devem sim ser exemplo não só na fé, mas na sociedade diante daqueles que os reconhecem como tal, do contrário o que diferencia efetivamente eles dos demais? Nada. Outro fator muito importante, eles devem se ver e se mostrar como iguais, ser diferente não significa nem ser superior ou inferior aos que te cercam, apenas acredita-se que seja mais esclarecido nesses assuntos. Também deve ter compromisso com as Divindades, com os ritos, consigo mesmo e com os demais, a negligência não é a marca desse tipo de pessoa, errar é humano, mas se dar ao luxo do erro por despreparo é pedir pela desgraça. Por fim duas armas poderosíssimas e aliadas de qualquer Goði ou Gyðja, conhecimento e sabedoria. O primeiro os livros vão poder te dar, o intercâmbio de informações também, mas o segundo, só a vida e peça para que corvos grasnem para você abrir o olho quando tiver a oportunidade de aprender, pois algumas lições não se repetem.

Enfim aos que seguem e aos que são seguidos, aos que adam juntos ou caminham sozinhos, ficam essas palavras, espero poder ter sido útil e clareado este importante assunto. Mais uma vez, que Óðinn inspire essas almas a fazer o que é certo.

Tenham uma boa semana e até a próxima postagem.

- Heiðinn Hjarta.