Boa quinta-feria caros leitores, estimados
colegas, amigos e seguidores, alguns devem estar se perguntando o motivo pelo
qual depois de tampo tempo estou voltando a postar, como a frase diz: " A
ocasião faz o ladrão", mas não se trata de um furto ou roubo, pelo menos
não meu, mas de muita gente que está furtando ou roubando a confiança alheia
sem o preparo necessário. Eu não devo postar com a
mesma freqüência que antigamente por já ter abordado inúmeros
assuntos, mas quando eu observar necessário falar sobre um assunto o mesmo será
feito, também deixo aqui um e-mail para que enviem suas dúvidas e sugestões, se
bem que o mesmo pode ser feito aqui pelo blog em comentários, segue o endereço
do e-mail: heidhinn.hjarta@yahoo.com.br Essa postagem visa não só adverti-los sobre
os perigos do falso sacerdócio como também prepará-los para a situação de uma
forma madura e útil na sua caminhada dentro da senda do neo/paganismo nórdico,
então mãos a obra e boa leitura.
A princípio vamos
ponderar os passos básicos sobre espiritualidade. Sabemos que a fé é algo
completamente diferente da religião, estão ligadas, pois uma é instrumento da
outra, mas elas podem existir independentemente uma da outra. Fé é a sua
capacidade de crença em alguma coisa, seja numa divindade, numa profecia, num
objetivo ou em você mesmo, a religião se mostra como uma organização e
codificação de um grupo de crenças numa iniciativa meramente mortal
justificada, verdadeiramente ou não, em inspiração divina em muitos casos. O
interessante é observar que a fé para o indivíduo não precisa de um interprete,
já na religião, sua manifestação coletiva e organizada, é necessária a presença
de uma figura que faça isso. Entretanto a presença de um intérprete não garante
a sinceridade do sentimento de fé de um indivíduo em meio a um grupo, que pode
estar lá por mera convenção social ou para poder se identificar com uma faceta
da sociedade. Logo concluímos que pode existir fé sem religião e que existe
religião sem fé. Ponderado sobre isso, podemos avançar.
Nos antigos povos
da Escandinávia surgiu com a evolução da sociedade a figura do Goði/
feminino Gyðja/ plural Goðar, que na maioria dos casos era representado pelo
chefe de família, uma pessoa com experiência de vida suficiente para ter
capacidade suficiente de ponderar, sob o uso do bom senso e conforme as crenças
que regiam a fé daquela família, sobre as questões morais, éticas e espirituais
da família, servindo como um guia espiritual pela sabedoria absorvida com o seu
tempo de vida havia adquirido, por conta disso obviamente se tratava de uma
figura de respeito na sociedade, e conseqüentemente com influência política,
pois toda sociedade em maior ou menor grau é organizada de alguma forma
política. Cabia a ele também exercer a coordenação dos ritos daquela família,
logo cada família tinha seu sacerdote e a tribo por sua vez, formada por várias
famílias, tinham como sacerdote o chefe tribal também um Goði. Para se ter
uma noção do poder que os goðar alcançavam na sociedade, na Islândia onde
ocorria, e de certa forma ocorre até hoje, o Alþing, a reunião que decide os rumos da Islândia e onde se julgavam os crimes e disputas judiciais, neste lugar eram os goðar que se pronunciavam.
Ok, mas e o que
você tem haver com tudo isso? Tudo depende do grau de consciência que você tem
sobre esses fatos e a conseqüente importância que dará a eles. Com o
ressurgimento da nossa fé desta forma atual e moderna com elaborados ritos,
calendários, termos, e demais ofícios, com esta atual onda de oficialização de
uma religião neo/pagã nórdica aqui no brasil, assunto do qual tratarei em
postagem futura, muitas pessoas tem despontado com o "Título"
de Goði/Gyðja. Essas nobres pessoas, algumas não tão sobres assim como vão
poder observar, estão se dando ao trabalho muitas vezes voluntário outras por
falta de alguém que o faça, de guiar kindreds/clãs/famílias, dentro da fé
nórdica. Essas pessoas estão sendo responsáveis até certo ponto pelos rumos que
o neo/paganismo vai tomar nessas terras a pelo menos duas décadas, e
provavelmente mais. Entre estes respeitáveis membros temos neonazistas,
wiccatru e aproveitadores da fé e falta de informação alheia, mas claro temos
também as pessoas que com ou seu conhecimento têm boa-fé, boa índole, boa
vontade, pessoas que realmente querem ajudar os seus próximos, a sua fé e
honrar seus ancestrais e os Aesir, os Vanir e até os Jotnar, em alguns casos, e
toda sorte de seres que se agreguem ao nosso universo espiritual.
Sabemos que você
pode ter sua fé e não se preocupar com o que alguém te diz, é uma escolha, mas
também não se pode reclamar que o caminho será mais árduo e com maiores chances
de erro, entretanto cedo ou tarde os solitários acabam aprendendo, não importa
o quanto isso demore. Também há aqueles grupos de pessoas que querem viver a
experiência familiar, que é muito importante, mas não obrigatória, claro estas pessoas
são mais dependentes desta figura sacerdotal, então você tem um indivíduo
responsável pela fé e pelos pensamentos que vão influenciar diretamente as
escolhas e reflexões de um grande grupo de pessoas, tecnicamente são
responsáveis por parte da vida destas pessoas que confiaram o rumo de sua fé a
este indivíduo, não somente isso mas também sabemos que indivíduos possuem
pouco poder político em uma sociedade, mas coletivos não, logo o que pode um
evangélico fazer a favor de sua fé e contra a dos demais? Nada podemos
responder, mas e o que pode uma bancada inteira evangélica no Congresso
Nacional fazer a favor de seus pastores e ovelhas e contra nós e os de outras
crenças? Então agora você começou a entender o que você tem haver com tudo
isso? De qualquer forma a escolha e o caminho pertencem a vocês, mas o
indiferente não pode reclamar da guerra que bate a porta de sua casa quando já
escutava as trombetas de longe. Então se queremos que nossa fé tome o melhor
rumo para todos precisamos saber no "grupo todos" como essa maioria
está sendo guiada e influenciada. Óðinn inspire essas almas a fazer o que é
certo.
Logo, o que é
preciso para ser um Goði/Gyðja? Muitas coisas, mas primeiro e mais
importante de tudo bom senso e comprometimento, as questões pessoais não devem
permitir que seu ponto de vista influencie a vida dos outros, é necessário
maturidade não só para ajudar a guiar a fé de muitos, mas também o próprio
comportamento, logo os Goðar devem sim ser exemplo não só na fé, mas na
sociedade diante daqueles que os reconhecem como tal, do contrário o que
diferencia efetivamente eles dos demais? Nada. Outro fator muito importante,
eles devem se ver e se mostrar como iguais, ser diferente não significa nem ser
superior ou inferior aos que te cercam, apenas acredita-se que seja mais
esclarecido nesses assuntos. Também deve ter compromisso com as Divindades, com
os ritos, consigo mesmo e com os demais, a negligência não é a marca desse tipo
de pessoa, errar é humano, mas se dar ao luxo do erro por despreparo é pedir
pela desgraça. Por fim duas armas poderosíssimas e aliadas de
qualquer Goði ou Gyðja, conhecimento e sabedoria. O primeiro os
livros vão poder te dar, o intercâmbio de informações também, mas o segundo, só
a vida e peça para que corvos grasnem para você abrir o olho quando tiver a
oportunidade de aprender, pois algumas lições não se repetem.
Enfim aos que
seguem e aos que são seguidos, aos que adam juntos ou caminham sozinhos, ficam
essas palavras, espero poder ter sido útil e clareado este importante assunto.
Mais uma vez, que Óðinn inspire essas almas a fazer o que é certo.
Tenham uma boa
semana e até a próxima postagem.
- Heiðinn Hjarta.