O que você procura?

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Freyfaxi - A origem e o significado.

Boa Tarde caros amigos e leitores, vem se aproximando a data de comemoração do Freyfaxi no hemisfério Sul, para não desempará-lo de informações, vou compartilhar com vocês algumas informações que tenho que são comuns e outras que são incomuns, lembrando que trata-se de uma data dedicada a Freyr a divindade Vanir Senhor dos Alfar (Elfos), para maior compreensão há um texto neste Blog que detalha tanto a divindade como seus servos, que venha o Freyfaxi!


Como de costume sabemos que o Freyfaxi é a celebração que marca o início das colheitas na Islândia, dura de três a quatro dias e sua data varia é, no hemisfério norte, entre entre os dias 1º ao 23º ou na lua cheia de Agosto, aqui essa data se dá em fevereiro, pois em Agosto você não vai colher muita coisa, rs. É uma data ligada a fartura e compartilhar o que se adquire, principalmente com quem não tem nada ou muito pouco. Trata-se do próprio espírito que Freyr carrega consigo, que os Vanir trazem a fertilidade e abundância. Porém o nome deste festival é também o nome de um curioso conto que nos ensina sob o poder de um juramento feito diante dos deuses, então deixo o conto e a fonte para que possam saber um pouco mais sobre esta data e este nome, compartilho esse conhecimento com vocês.


Você deve ter ouvido algumas versões da história do Freyfaxi. É engraçado como diferentes escritores pegam os velhos temas e mudam eles tanto um pouco quanto drasticamente. Como a Disney pegou a trágica e horrível história de Anastásia e a transformou em uma aventura romântica para crianças!!!


De qualquer maneira, a original, e verdadeira história do Freyfaxi é muito velha, e ocorreu na Islândia entre os anos de 900 e 950. Eu irei contar aqui uma versão encurtada. As sagas islandesas foram escritas e têm sido preservadas por séculos e não tem mudado muito. Elas contem muita verdade, algumas vezes os historiadores alteram algumas nuances para fazer a história melhor para escutar, mas elas são de muitas maneiras como referencias históricas, e são tratadas com muito respeito tanto por islandeses como por historiadores.


Ela trata sobre o chefe de tribo islandês Hrafnkell Freysgodi. Os islandeses daquele tempo são o que hoje vocês reconhecem por vikings.


A religião de Hrafnkell era a dos velhos deuses escandinavos. Ele tinha um garanhão azul escuro, que vivia e vagava nas montanhas ao lado da fazenda de Hrafnkell, com um rebanho de éguas. Hrafnkell tinha uma fé muito grande no deus da agricultura, dons e fertilidade, Freyr. Então ele deu metade de seu garanhão a Freyr, e ele fez um juramento que se qualquer outro homem além dele montasse seu garanhão, ele o mataria. Juramentos não são Juramentos não deveriam ser tomados levianamente nesses momentos, se um homem fizesse um juramento tinha de cumpri-lo. O cavalo era chamado Freyfaxi, Frey pelo seu gentil proprietário e Faxi que era um nome comum a cavalos (significando crina atraente).


Hrafnkell contratou o filho mais velho de seu vizinho, cujo nome era Einar. Einar estava há dois anos, tomando conta de 50 ovelhas que Hrafnkell possuía, conduzia elas ao posto todo dia e retornava para o lar novamente próximo a sua cabana na montanha ao anoitecer, e também cortava a lenha que era necessária na fazenda. Ele também cuidava de Freyfaxi e de suas doze éguas nas montanhas. Hrafnkell contou a Einar sobre seu juramento, e proibiu-o de cavalgar Freyfaxi, mas Einar poderia quaisquer um dos outros cavalos para o que fosse necessário, sempre que fosse necessário o que Einar achava muito justo.


Einar fez um bom trabalho e cuidou das ovelhas por todo o verão, até o solstício de verão, quando ele não conseguiu encontrar 30 ovelhas. Ele procurou e procurou, mas durante uma semana inteira não conseguiu encontrá-las. Ovelhas eram muito valiosas naqueles dias, aquilo era um acidente terrível. Uma vez, em sua busca, ele andou entre os cavalos, e precisou de um deles para fazer a busca. Os cavalos, que costumavam ser capturados sem dificuldade fugiram, exceto Freyfaxi, que continuou parado como uma rocha.


Einar via o dia passar e ele decidiu que Hrafnkell não tinha como saber que ele cavalgaria seu cavalo, colocou um freio em sua boca, uma sela em suas costas e cavalgou em busca das ovelhas de manha até o anoitecer. O cavalo estava trabalhando duro, e ele pode procurar numa grande área, e no fim da noite Einar encontrou as ovelhas e as trouxe de volta para o lar junto das demais ovelhas.


O cavalo correu vale a baixo e não parou até a casa de Hrafnkell em sua fazenda, Adalbol. Hrafnkell estava comendo e quando o cavalo veio a porta, ele relinchou alto. Hrafnkell disse a sua mulher que estava satisfeito e que ela poderia ir a porta pois um cavalo estava relinchando e lembrava Freyfaxi. Ela o fez e disse a Hrafnkell que Freyfaxi estava na porta e parecia sujo.


Hrafnkell disse: “Como isso? Isso não aconteceu por um bom motivo”.


Então ele saiu e viu Freyfaxi e disse: “Fico triste que tenha sido tratado desta forma, mas você foi sábio ao me contar, e isso será vingado, volte as suas éguas.”


Na manhã seguinte Hrafnkell cavalgou até a cabana na montanha, com um machado com ele. Einar tinha acabado de conduzir as ovelhas a cabana e elas estavam sendo ordenhadas por mulheres. Eles conversaram um tempo, até Hrafnkell perguntar a ele se havia pegado Freyfaxi sem permissão. Einar disse que não podia negar isso.


Hrafnkell disse: “Por qual motivo montou este cavalo, já que eu tinha proibido isso, e se haviam tantos para montar. Eu o teria perdoado se não estivesse preso a este juramento terrível, mas você se comportou bem ao admitir isso.”


Então Hrafnkell correu até Einar e desferiu nele um golpe mortal. Após isto ele fez um túmulo respeitável para o jovem.


O pai de Einar claramente não ficou feliz com o acontecido, e este é só o início de uma longa e trágica saga. Hrafnkell de várias maneiras nesta história está preso ao destino. É o destino que fez a égua pular tão alto a ponto de Einar não poder laçá-la, e o profundo significado dos juramentos naqueles dias fez ser impossível a Hrafnkell quebrar sua promessa que havia feito com seu deus, indiferente da tristeza que causasse a ele. É algo que o amargou por toda a sua vida, ele fez muitos inimigos e teve de lutar por toda a sua vida em conseqüência do seu feito.


Fonte: http://www.icelandichorse.is/freyfaxi.htm


Tradução: Heiðinn Hjarta.


Outros textos relacionados.

Alfar - Os Seres de Luz e Sombras.

http://perturbardo.blogspot.com/2011/10/alfar-os-seres-de-luz-e-sombras.html

Freyr - O Senhor dos Alfar.

http://perturbardo.blogspot.com/2011/07/o-senhor-dos-alfar.html

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Recomeçando pelo começo de tudo.


Olá caros leitores, esta é a primeira postagem do ano de 2012 desta era comum, um final de ano atribulado e conturbado somado a problemas de ordem pessoal me inviabilizaram continuar os textos na freqüência que esperava, entretanto este mesmo final de ano me possibilitou reflexões importantes e experiências que vieram a adicionar em minha fé no Odinismo, pois bem, darei continuidade e agora que conhecemos os principais Deuses e Deusas e criaturas sobrenaturais deste universo, vou passar a falar sobre o universo em si de nossa fé, mantendo o objetivo de ser uma direção mas não um texto acadêmico que esgote os assuntos tratados. Sem mais demora vamos falar de como as coisas começaram e outro dia falamos de como elas podem terminar, boa leitura.


As principais fontes sobre a origem do mundo na Cosmogonia Nórdica são os poemas Gylfaginning (O Engano de Gylfi) nas Eddas Prosaicas e a Völuspá (Profecia da Völva) nas Eddas Poéticas. Em ambos os poemas você vai encontrar o que posso resumir de forma clássica:

(...) "No inicio dos tempos,
nada existia,
não existia nem areia, nem mar,
nem ondas frescas.
Não existia nem Jörð,
nem Himin acima,
apenas o Guinnungagap,
e não havia capim em parte alguma" (...) - parte do Gylfaginnin

*Tradução feita por Marcio A. Moreira (Vitki Þórsgoði) em 2008 em pdf disponibilizado.


É de conhecimento comum que o primeiro dos mundos foi Muspellheimr e nele habita Surtr, o Gigante de Fogo, sabemos também que Niflheimr é um mundo de névoas e gelo. O calor do primeiro mundo permitiu que esse causasse delego ao segundo e ambos se encontrassem nesse imenso "vazio primordial central" conhecido por nós como Guinnungagap.


Entenda que o mundo não foi criado "do nada" e que o vazio não era "tão vazio assim", esse vazio primordial não possuía regras ou fronteiras, ele era ilimitado e aleatório, o primeiro mundo a surgir é exatamente o ponto onde a energia desse vazio primordial pode se manifestar com maior intensidade gerando a luz e o calor, gerando Muspellheimr, o polo positivo, o ponto ativo. Em contraparte equilibrando essa manifestação ao norte desse inicial vazio, houve a condensação dessas energias primordiais que não se localizavam em Muspellheimr, e onde não há luz há sombra, onde não há calor há frio, logo essa energia primordial reagiria de maneira diferente dando origem a Niflheimr e suas névoas, o polo negativo, o ponto passivo. Em Niflheim se situa em seu centro a fonte Hvergelmir, desta fonte brotam os fluxos chamados de Élivágar (ondas gélidas) que preenchem Guinnungagap, formando os onze rios Svöl, Gunnthrá, Fjörm, Fimbulthul, Slíd, Hríd, Sylgr, Ylgr, Víd, Leiptr e Gjöll.


O encontro dos dois mundos se dá pelo choque dos extremos, são contrários porém vão de encontro um do outro, com o fogo primordial alcançando este gelo primordial, o resultado é que no vácuo central deste mundo surgiu a possibilidade de vida e de outros mundos, pois nenhum extremo o possibilitaria sem que aquele tipo de vida estivesse adaptado a um ambiente tão hostil.


Ymir surge nesse meio, sendo ele não um mero Jötunn, mas o primeiro de todos eles, carregado desta forma a energia criadora congelada em sua própria forma. Ele deu origem aos Hrímþursar e não é sem propósito que este se diferencie dos demais gigantes, pois nele esta inerte a força criadora que pelo mero suor durante seu sono deu origem a gigantes de gelo que não desejava sequer criar, pelos seus pés e suas axilas.


E aquela vaca de onde veio? A vaca, ou melhor Auðumbla (mais respeito rapaz, rs) é a representação divina da vida na forma de um animal que apesar de não ser tão sagrado entre os nórdicos como entre os indianos, viabilizava ao povo muitas utilidades para a sobrevivência, como a carne, o couro, o leite e os cogumelos, rs. Então claro que poeticamente usaram tal animal, assim como nascer das axilas e dos pés não faz sentido algum se levado ao pé da letra, mas seguindo...


Auðumbla nasce do degelo da matéria primordial inerte e dela brotam rios de leite, que serviram de sustento para Ymir que nada mais faz a não ser dormir e se alimentar, dada a sua natureza passiva e involutiva. Esta vaca se alimentou lambendo blocos de gelo com sal que vão revelar desse contato Buri, que dará vida a Borr que este por sua vez junto com Bestla, filha do gigante de gelo Bölþorn, dará a luz a Oðinn, Vile e Vé, logo creio que já devem perceber que este parentesco de sangue entre Oðinn, Vile e Vé e seus inimigos é pouco citado ou lembrado, conveniente, rs. Sim Bölþorn é o avô materno de Oðinn, mas não isso não significa muita coisa, rs.


A luta inicial entre Oðinn, Vile e Vé contra Ymir se faz necessária, pois é mais uma vez o conflito de natureza de forças criadoras, para viabilizar a evolução da criação, Oðinn, Vile e Vé tinham o necessário conhecimento para a criação do mundo, mas não tinham o poder de fazê-lo por não ter o material primordial necessário e Ymir que era esse material inerte e inútil, precisava ser destruído para viabilizar o desenvolvimento do mundo.


Observe conforme descrito no Gylfaginning, do sangue de Ymir fizeram os mares e lagos, de sua carne fizeram a terra, rochas, colinas e seixos foram feitos com seus dentes e demais ossos quebrados, com seu crânio fizeram o céu, com seu cabelo fizeram as árvores, de suas sobrancelhas fizeram o mundo dos homens Miðgarðr e de seu cérebro fizeram as nuvens furiosas. Fica claro que de forma poética se fala do poder inerte e adormecido, e que permaneceria adormecido, em Ymir caso os três Regin (Deuses) Oðinn, Vile e Vé não o tivessem destruído, é a constante luta pela vida, travada desde a criação do mundo e até o fim de nós nele.


Por fim, chamo atenção a um ultimo detalhe interessante, é também relatado sobre a criação de Ask e Embla, do qual já falei em postagens anteriores, mas nada custa reforçar. Ele eram inicialmente duas árvores, ou seja, seres iguais e não um parte do outro ou ainda um superior ao outro. Eram seres já presentes e parte da natureza, ou seja a raça humana neste ponto de vista é uma só, existem muitos tipos de árvores mas todas ainda são árvores e elas não se discriminam pela cor de seus frutos ou por onde fincam suas raízes, e unida com a natureza que a cerca, não somos nem seus mestres muito menos seus servos, mas parte da natureza e devemos estar em harmonia com a mesma, visão esta que atualmente permanece esquecida por nós, mas que quando despertada revela a imensidão e a importância da natureza que nos cerca e facilita esses entendimentos que exponho a vocês.


Esse é um longo e complexo tema a ser abordado, porém as principais dicas são, não interprete poemas de forma literária ou toda essa cosmogonia não fará sentido, segundo não seja plenamente racional, afinal o homem até hoje tenta entender e descobrir a origem do universo e tudo que a ciência nos deu foram teorias e não certezas sobre isso e por fim, poemas são textos de expressão sentimental e que podem e dever ser interpretados e não livros dogmáticos sem liberdade de interpretação. Espero ter esclarecido um pouco sobre o assunto e espero ter despertado mais dúvidas para que possam pensar por si só.


Mais uma vez grato a Óðinn por poder escrever para vocês, e claro grato a vocês.


- Heiðinn Hjarta.