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segunda-feira, 11 de julho de 2011

Brincando com o fogo.


Boa noite povo pagão! Estar em um ônibus que bate na serra na segunda-feira é uma ótima forma de começar a semana, quanta sorte rs. Mas não estou aqui para falar da minha sorte, muito menos da falta dela. Estou aqui para dissertar sobre um assunto um tanto quanto rotineiro em nosso meio, Magia! Que os deuses me ajudem.


Quem aqui nunca ouviu falar de galdr, seiðr ou runas? Talvez muitos, talvez ninguém, o fato é que cedo ou tarde você vai trombar com alguém que conhece isso e por curiosidade essa pessoa pode acabar fazendo besteira e se ela for de seu kindred, prepare-se pode acabar sobrando pra você, então antes que alguém arremesse algo, desliguem os ventiladores e vamos pensar um pouco...


É da natureza do ser humano, buscar entender o que desconhece ou se afastar disso e até mesmo destruir o que é desconhecido, é uma questão instintiva, se você sabe que aquela cobra é venenosa, você evita se aproximar, e mesmo que te digam que aquela armadilha está desativada você não vai enfiar o pé lá pra colocar a prova, certo? Espero que sim.


Pois bem, o grande xamã Óðinn nos trouxe as runas, Freyja a ele ensinou o seiðr e ele mesmo dominou o galdr. Thor usava artefatos, pois tinha conhecimento de como usá-los e também conhecia magia, Loki sabia bem como aprisionar pessoas em muralhas de fogo, tomar diversas formas e até encantar e amaldiçoar coisas, os alfar eram bons nisso também, os anões davam suas propriedades mágicas as suas criações, Frigga também possuía seus segredos que não contava a ninguém, quantos heróis não portaram tesouros, quantos vilões não se fizeram valer de maldições? Em resumo, quer você acredite ou não a magia é algo vivo e real em nossa cultura e nossa fé, isso ocorre pelo fato de que a magia não está ligada a religião, mas a um estudo e uma prática, ser um vitki ou uma völva requer muita disciplina e consciência de suas capacidades para não resultarem em conseqüências indesejadas.


Desde que estudo ocultismo, e isso é anterior a minha fé, amadureci ambos quase que em paralelo, percebo que cada vez mais as pessoas tratam esse assunto com menos cuidado do que era tratado anteriormente, a banalização pode ser algo perigoso. Existem certas revistas que deixo de dizer os nomes delas, e certos grupos que deixo de citar em respeito aos mesmos (pois a base da sociedade é o respeito, mas a liberdade de expressão deve ser respeitada também) que tratam esta arte como se fosse um passatempo ou uma espécie de óleo de peroba para passar no ego. Se escondendo por trás de nomes e títulos e praticando a magia numa salada que resulta numa indigestão a todos os envolvidos.


No paganismo vamos desde as pessoas que se projetam no plano astral para fazer besteira achando que aquilo é um playground até as clássicas mágicas de sentimentos, todo fio que você puxa pode dar um nó no seu destino e ai, nem os deuses vão poder te ajudar. Isso é inerente a nossa fé só que esta presente no paganismo com um todo, é chegada a hora de crescer e amadurecer nisso. Outro erro clássico é achar que por ser detentor dos conhecimentos arcanos uma pessoa pode ser mais que outra, mas digo que não e minha convicção é simples e lógica, não importa quantas pessoas você amaldiçoe ou controle os sentimentos, uma hora a coisa falha ou pior, sai melhor do que você espera, e então aquela pessoa que não sabe nada de magia se volta contra você com um murro na cara que é tão real quanto seu "bruxedo".


A magia é uma arte, mas manejar espadas também é, trabalhar o solo também é, escrever também é, enfim viver é uma arte e temos de nos aprimorar nisso, mas sempre com responsabilidade. Outra coisa, nem todo mundo precisa aprender magia nesse mundo, isso seria infrutífero e perigoso, cada qual com seu talento, se você observa que não leva jeito pra coisa, isto é, não tem paciência para estudos, não tem uma auto observação boa, possui uma vontade vacilante e se entrega aos instintos com facilidade, então não faça besteira, siga a sua vida e deixe essas coisas de lado, a felicidade ainda estará no seu caminho e os deuses não vão gostar menos de você. Poucos praticantes de magia se tornaram reis ou rainhas, menos ainda são os que são lembrados de forma positiva pelos seus feitos mágicos e há um motivo para isso, os sérios estudiosos sabem o motivo e é isto que aqui basta.


O mesmo, fugindo um pouco de assunto, ocorre com os estudos religiosos, nem todos os odinistas ou asatruares vão exercer funções de liderança religiosa ou outro papel fundamental para os ritos, mas fica a dica, conhecimento que te leve ao crescimento nunca é de mais. Deixe para o Goði ou para a Gyðja coordenarem ritos e etc, afinal eles estão estudando para isso e para você, afinal eles exercem o papel de lideranças familiares, mas nunca se esqueça que famílias brigam, irmãos se desentendem e pode ser que amanhã você saia de seu kindred e eis que se toca que não consegue nem fazer um blót sozinho. Bom seus ancestrais não vão ficar felizes com isso, creio que nem os deuses. Isso até é bom, pois na falta de algum integrante para exercer um papel no rito você poderá auxiliar e permitir que tudo siga em plena normalidade.


Bom e chegando ao fim, venho fazer um alerta a todos vocês meus irmãos. Cuidado, essa nova onda de “eu tenho um kindred”, ela é perigosa, laços familiares no paganismo vem com a afinidade, só que vem com o tempo também, todos nós queremos ter pessoas ao nosso lado de nossa fé, mas ter muita pressa pode ser dor de cabeça no futuro, pois pessoas são complicadas e se você não as conhece, não sabe lidar com elas.


É melhor ter um amigo que sempre bebe contigo, do que ter um irmão cujo o qual não se conhece o coração.

- Heiðinn Hjarta

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