Boa noite caro leitor, começo de semana bem atribulado mas finalmente um pouco de paz para escrever, rs. Abordarei hoje sobre os mais conhecidos "átrus" que tem se ramificado da grande árvore do neo/paganismo nórdico. O objetivo é demonstrar os vários caminhos que nossa fé tem percorrido e tem concretizado ao longo dos tempos, creio que alguns grupos aqui são bem desconhecidos da maioria, uma ocorrência normal, levando em conta a liberdade dos kindreds e a falta de uma visão unificada dentro do neo/paganismo. Essa falta de unidade nos garante uma liberdade mas nos priva de uma identidade mais coesa resultando muitas vezes numa fragmentação por diferentes interpretações de um mesmo assunto, algo que reflete bem o aspecto tribal dos antigos povos, onde um mesmo deus era adorado com nomes diferentes por tribos diferentes ou de forma diferente, mas mantendo um nicho comum entre ambas. Enfim escolhas que nós fazemos e com as quais nós arcaremos.
Forn Siðr - O "Velho Costume" é um termo usado por grupos escandinavos para se referirem a cultura e religiosidade nórdica pré-cristãs, visto não só como a sua atual espiritualidade mas uma forma de encarar a vida também. Forn Siðr também é o nome mais divulgado para representar a sociedade pagã dinamarquesa desde que conseguiram oficializar o paganismo nórdico como uma religião em sua nação em 2003 podendo conduzir cerimonias de casamento, funerais e outros ritos. Dentro dele evoluíram o Asátru/Vanátrú que veio conquistando espaço nas nações europeias oficializando a religião junto aos Estados e consequentemente as suas respectivas sociedades, também é a ramificação mais conhecida do neo/paganismo nórdico e a criadora/codificadora das 9 nobres virtudes.
Um problema que evoluiu desta crença foi o surgimento de grupos que decidiram por se focar exclusivamente em um panteão específico, alterando assim todo o conhecimento e interpretação para apenas aquela forma de pensar sem seus necessários complementos. Logo surgiu o culto estrito só aos Aesir ou só aos Vanir, ou ainda só aos Jötnar, me pergunto se a guerra Aesir-Vanir e os casamentos e relacionamentos com alguns Jötnar não ensinaram nada a essas pessoas.
Um fenômeno recente também dentro do Forn Siðr é o Rökkatrú, uma fé neo/pagã baseada no culto aos Jötnar, as forças primordiais e caóticas, seu panteão é composto por gigantes do fogo, do gelo, da água, dos ventos e dos mares, também possuem suas 13 regras, (como se 9 já não fossem o suficiente, rs) e possuem como seu panteão principal Hel, Fenrir, Jörmungandr, Níðhöggr, Angrboða e Loki, acredito que esta ultima ramificação do Forn Siðr seja resultado de dois problemas que ocorrem atualmente.
Primeiro a falta de comprometimento com uma busca pelas tradições e raízes ao se realizar treinamentos aos Goðar, como uma classe sacerdotal separada (coisa que só foi existir na Islândia até lá qualquer chefe de família podia assumir esta função fosse homem ou mulher). Segundo o espaço aberto ao Vanatrú, focando numa veneração só aos deuses Vanir, o que é um erro brutal, também foi porta de entrada para muitos wiccanos dentro da fé. Por fim, o efeito "lokeano", talvez uma resposta ao Odinismo, onde neopagãos dedicam culto exclusivo a Loki. Assim como resultado temos esses "filhos não reconhecidos" do Forn Siðre a reação dos integrantes da Asatru-Vanatru em relação ao Rökkatru vão desde ignorar a existência do grupo até o repúdio pela escolha feita por essas pessoas.
Particularmente consigo facilmente observar um motivo para haver três clãs que juntos compuseram o grupo de divindades nórdicas cujas quais cultuamos, a guerra entre os Aesir e os Vanir foi necessária pois que com o contato de ambos os clãs tanto a forma de pensar como de viver encontraram um equilíbrio nos seus aparentes opostos. De um lado temos os alegres e prósperos Vanir despreparados para qualquer ambiente adverso que viesse a destruir essa prosperidade, fertilidade e felicidade, do outro lado temos os Aesir conquistadores, sobreviventes e impositores de uma estrutura social que só pode proporcionar prosperidade em meio a paz, paz essa alcançada com os Vanir pela troca de divindades e paz essa que permitiu a ordem Aesir proteger e perpetuar a prosperidade Vanir. Até mesmo os Jötnar tem um papel importantíssimo ao formar o caráter adverso que testa continuamente os clãs e deuses em sua capacidade de sobrevivência e evolução, bem como ensina ao homem o poder devastador, mas também construtor da natureza, fazendo de deuses e deusas heróis e exemplos para seu povo.
Escolher apenas um caminho é esquecer e ignorar o que esses três caminhos proporcionaram de sabedoria aos ancestrais e que podem vir a nos proporcionar, mas a liberdade está para ser usada com sabedoria e cada qual vai traçar seu caminho e colher os frutos do que semeou para si e para os demais.
Até quarta-feita.
- Heiðinn Hjarta
Qual sua posição sobre o irminismo e o teodismo?
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