Boa noite amigos leitores e colegas curiosos, hoje vou começar minha saga de desmistificação sobre a fé neo/pagã nórdica, serão semanas onde travarei batalha contra a desinformação, pois ando observando a quantidade de lixo que tem sido ejetado sobre leitores desavisados por meios similares de comunicação, boa intenção ou não o fato é que muita informação está sendo repassada de forma errônea e irresponsável. Não sou dono da verdade de ninguém, mas também não vou indicar o buraco para ninguém, ao menos o começo de um caminho seguro. Então mãos a obra.
Resolvi abordar um dos maiores mitos sobre o neo/paganismo nórdico. Sobre o alegado machismo, do qual supostamente somos incitadores por meio de uma cultura que preza a batalha, a bebedeira, e mais fala em deuses do que deusas. Besteira! Está na hora de observar fatos e não boatos.
Ah mulheres, quem vive sem elas? Ninguém. E isso não muda no neo/paganismo nórdico. Desde o princípio homem e mulher feitos da mesma matéria pelos deuses se tem por iguais, nem um melhor do que o outro, Ask e Embla no mito da criação da humanidade refletem bem isso, e ainda que você queira atribuir um fato machista de 3 Deuses terem criado o casal em conjunto, não esqueçam que todos eles nasceram de alguém e lá você vai encontrar uma figura feminina. Na própria criação do universo o princípio feminino era representado na figura de uma vaca chamada Auðumbla, tamanha a importância do animal (calma não estou comparando nossas mulheres a vacas!). Mas se de fato esta figura feminina não fosse necessária ou importante o gigante Ymir poderia ter matado um "boi primordial" e se alimentado da carne do mesmo, mas o fato é que não o foi e tudo tem seu motivo de ser.
Temos na espiritualidade as Nornes, que estão acima dos deuses e deusas, de qualquer que seja o clã, acima até do próprio Óðinn, como detentoras do destino de todas as coisas e não há Ragnarökr nenhum que vá dar cabo delas. Temos também ainda na espiritualidade a Fyjgia que é a acompanhante pessoal que auxilia nas viagens xamânicas e atua principalmente como uma guardiã pessoal, as Dísir que são ancestrais femininas que cuidam da linhagem familiar. E podemos assumir que em graus de importância as Dísir estão abaixo das Valquírias que estão abaixo das Nornes. Há ainda sem esgotar a importância espiritual da figura feminina em nossa fé o fato de que tanto a mulher nos dá a vida quanto ela mesma a tira na figura de Hel.
Saindo do ponto espiritual e adentrando o mitológico temos a figura das Ásynjur, as inúmeras deusas que se manifestam nos três clãs citando apenas algumas como Frigga, Freyja, Skaði, Iðunn, Rán, Rindr, Gefjon, Sif, Jörð, Sága, Sif e Sigyn. Importante também ressaltar que não se trata apenas de nomes, cada uma delas estudada em particular revela seu aspecto complexo se desmembrando nos inúmeros domínios que cada uma alcança, sem se confundirem como paralelos, em outras palavras, não são as várias faces de uma divindade feminina, mas muitas divindades únicas cada qual por si só. Ainda lembremos das Valquírias agora sim em seu contexto mitológico, como as guerreiras implacáveis que são e as Völvas e as praticantes da magia Seiðr.
Adentrando o mundano podemos apontar a mulher como uma Gyðja (chefe de clã, mestra de ritos e cerimônias, bem como guia espiritual) ou uma Valquíria (como uma figura auxiliar da primeira e também a figura que repassa a fertilidade aos convidados num banquete durante um rito por meio do chifre de libação). As rainhas, guerreiras e piratas imortalizadas no passado pelos seus feitos. E ainda na natureza onde mostra-se por meio do chifre do animal a igualdade de ambos os sexos.
Ainda em história, mas lembrando que o cunho do Blog não é acadêmico, vale ressaltar as Shieldmaiden, mulheres que eram escolhidas para serem guerreiras em campo de batalha, prática comum das tribos dos Godos, Marcomanos e Cimbros. Para maiores detalhes sobre essas guerreiras busque pelos feitos de Hervor na Hervarar Saga e no Gesta Danorum; Brynhild em Volsung saga; Hed, Visna e Veborg também no Gesta Danorum, sobre as 300 mulheres que lutaram a Batalha de Bravala ao lado do danos; a princesa suéca Thornbjörg na Hrólfs saga Gautrekssonar, e a lista continua...
Logo se após esta superficial explicação da importância da mulher em meio a nossa espiritualidade, você leitor ou leitora ainda acredita que há desigualdade ou ainda machismo, então eu recomendo que pare de ler esse blog, pois está subestimando seu bom senso. Outro fato importante para apontar é que esse texto não visa ser um atalho para algumas mulheres colocarem o "sagrado feminino" "a Deusa" e o divino ego feminista lá no talo. Definitivamente, mulheres e homens são gêneros da mesma raça e a natureza é equilibrada demais para cometer o erro de tornar um desses gêneros superior ao outro. Não são seres opostos, mas seres que se complementam para alcançar o equilíbrio necessário para o desenvolvimento da raça humana.
Também fico muito chateado com o excesso de pessoas que vêem nos Vanir uma fuga para um "feminismo nórdico" por conta da imagem e figura de Freyja, aviso aos desavisados, o equilíbrio lá é igual como em qualquer outro clã, isso pode ser meramente ilustrado na figura dos irmãos Freyr e Freyja. Gente abre o olho, isso aqui não é "casa da Deusa". Espero então que possam observar que qualquer forma de comportamento machista ou feminista parte do ser humano e não de nossa fé. A natureza é bela em suas criações e nós somos IGUALMENTE parte dela.
Hail Aesir och Ásynjur! Hail Ask och Embla!
Até quarta-feira. Abraços!
- Heiðinn Hjarta
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