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segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Sobre pureza e raízes.

Boa noite louvável visitante! Não importa de onde venha, que idioma fale, que cor tenha, que roupa vista, em que opiniões insista, será bem vindo enquanto se sentir bem vindo. Hoje segunda-feira é dia de abordarmos sobre questões importantes, que não morrem nem nascem conosco, mas já estavam antes de nós e vão se perpetuar até muito depois de qualquer Ragnarökkr.


Abordarei sobre um dos temas que mais incomoda, causa polêmica, e dor de cabeça, no meio do neo/paganismo nórdico, principalmente para iniciantes e curiosos. Falarei sobre hereditariedade, etnia, ascendência e descendência dentro da antiga/nova fé nórdica. E vou surpreender tanto quem deseja afirmar a velha opinião do “cada povo com sua fé”, até aqueles que defendem que a fé “só se limita na visão de quem a limita”.


Começaremos pelo próprio plano divino, há exemplo melhor que as divindades que cultuamos e respeitamos? Acredito que não. A princípio temos três tribos de origens distintas, Aesir, Vanir e Jötnar, essas três tribos tinham costumes diferentes, princípios diferentes e um conceito de correto e incorreto diferentes, suas descrições físicas, uns aos olhos dos outros também eram distintas e como anteriores a RAÇA humana, não pertenciam a qualquer grupo étnico desta.


Mas agora vamos ignorar esta crença e vamos acreditar que os três clãs eram três tribos que existiam pelo bloco geográfico da Eurásia, e vamos supor ainda que todas fossem caucasianas (brancas), ainda assim temos nas descrições claramente desde loiros a ruivos, desde pessoas de pele alva até pessoas de pele não tão alva assim. Temos ainda em nível sócio-cultural a presença dos Saami/Lapões influenciando as crenças do grupo nórdico por meio do xamãnismo, que ficou marcado nas práticas religiosas, sacrifícios, crenças, divindades compartilhadas com nomes diferentes e ainda na magia praticada pelos germanos/nórdicos sem esquecer também a figura do próprio Óðinn como xamã.


Agora voltemos ao plano mitológico e divino do tema, muitas vezes, divindades de tribos diferentes se casaram entre si, ou quando não o fizeram pularam a cerca, dando origem a outras divindades "mestiças". Podemos observar também que as divindades com seu comportamento, muito humano, sempre temeram e estranharam seus diferentes, tal como vemos a guerra entre os Aesir e os Vanir, tal como vemos os Aesir e os Jotuns e assim por diante, mas acabavam pondo de lado as diferenças e aceitar os diferentes, como a paz após a guerra Aesir-Vanir, Loki entre os Aesir e podemos citar, por exemplo, Thor e Járnsaxa, Óðinn e Fjörgyn, Freyr e Gerðr, Njörðr e Skaði, Freyja e os quatro Dvergr (Anões), ainda tínhamos todos os seres que desejavam Freyja (bom, mas acho que quanto a Freyja é a exceção da regra rs).


Bom em nível mundano e social o casamento entre tribos diferentes era algo bastante comum, interessando mais o que as famílias ganhariam entre si do que realmente a origem dos integrantes do casal. Ainda podemos lembrar que não havia uma preferência quando o assunto se tratava de sobrevivência ou necessidades, haja visto a passagem dos Visigodos e Ostrogodos por suas respectivas regiões, também as incursões de Anglos e Saxões em terras Celtas, é muita ingenuidade imaginar que nada aconteceria depois daqueles "intercâmbios culturais".


Além de que para finalizar do ponto de vista mais cético e científico. "Existe uma variação genética de cerca de 15% entre quaisquer dois indivíduos," segundo a escritora científica Deborah Blum. "Menos que a metade disso, cerca de 6%, é responsável pelas classificações raciais conhecidas.... Uma pessoa branca selecionada aleatoriamente, portanto, pode facilmente estar mais próxima geneticamente de um africano que de outro branco" .


C. Loring Brace, antropólogo da Universidade de Michigan, afirma que "raça é uma palavra de quatro letras sem nenhuma fundamentação na realidade biológica".


Após esses apontamentos posso concluir que há algo de errado na opinião de pessoas que sustenta quem a fé seja nos Aesir, seja nos Vanir, seja nos Jötnar, só é limitada a uma espécie e seus descendentes. Quando os deuses criaram Ask e Embla, eles criaram a RAÇA humana, não uma ETNIA dela. Então sim meu amigo, você pode ser de qualquer nacionalidade ou etnia e seguir esta fé, a única coisa que vai limitar sua ligação aos deuses será você e a sua visão quanto a isso. Quem limita não é exclusivo, quem limita é limitado.


Agora do outro lado, não considero que seja errado uma determinada etnia ou grupo étnico desejar manter a cultura que produziu e a herança que legou desde que mantenha algo de construtivo não só ao seu grupo, mas a toda a humanidade, afinal a progresso científico, cultural e social, enfim a evolução é o meio pelo qual se busca objetivo principal da raça humana, a sobrevivência. Xenofobia e racismo não podem ser atitudes progressistas, tão somente retrógradas ou estacionárias, o intercâmbio cultural fez nações crescerem e tudo de ruim que veio desse intercâmbio e globalização veio tão somente do ser humano, que pode ser um gênio ou um estúpido com qualquer sexo, idade, condição social, crença ou cor de pele.


Esgotado o assunto pelo uso do bom senso, espero que fique claro que essa fé não é para quem se limita, mas para quem busca vencer seus limites. E por fim relembro:


"Quem limita não é exclusivo, quem se limita é limitado".


- Heiðinn Hjarta

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