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quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Heindallr - Um olhar sobre horizonte.


Boa noite senhoras e senhores, atentos leitores, nesta quarta-feira a noite, cabe a mim descrever uma divindade, e escolhi/escolheram uma bem peculiar, aquela que trouxe presentes a humanidade, que estruturou a ordem de castas nela, que mantinha seus olhos sobre o esguio Loki, que estava na primeira linha de frente de Ásgarðr, o mais alvo de todos os Asa, possuidor do cavalo dourado Gulltoppr e o possuidor do famoso Gjallahorn. O sempre alvo, sempre sério e sempre observador Heindallr.


Heindallr se encontra na ponte Asbrú (Ponte dos Aesir), ou mais comumente chamada de Bifröst, a ponte arco-íris que da acesso entre Miðgarðr (Reino dos mortais) e Ásgarðr (Reino dos Aesir), esta ponte termina no salão de Heindallr chamado Himinbjörg, de onde a protege dos Jötunn. Por lógica podemos associá-lo ao Clã Aesir, bem como por compartilhar marcantes características desta família divina tais como estar sempre pronto para o combate, sua lealdade em guardar o reino, a proteção que proporciona, a coragem de fazê-lo sozinho... Entretanto, alguns estudiosos atestam que ele é integrante do Clã dos Vanir, vou manter a interpretação inicial expondo sempre motivos lógicos para tal.


As variações de seu nome são Hallinskiði, Gullintanni, Vindlér e a mais importante de todas Rígr. Nesta ultima variação, ele é conhecido como Rígr, velho, sábio, forte e grandioso. Ele passa pela terra e encontra três casais, com os quais come, se deita e após nove noites a esposa do casal da luz a uma criança. O primeiro casal eram camponeses sendo o marido Ái e a esposa Edda, nascendo um filho de pele escura chamado Þraell (servo). O segundo casal eram Afi e sua esposa Amma, que receberam o deus com provisões melhores, e após dormir entre eles se seguiram nove noites até o nascimento de Karl (homem-lívre), por fim o ultimo casal, realmente abastado vivendo em uma mansão, eram Fáðir e sua esposa Moðir, e após ser muito bem recebido, se deitou entre eles e nove noites após a esposa deu luz ao seu filho Jarl (nobre). Esse conto pode ser encontrado com maior riqueza de detalhes no Rígsþula.


Outra importante aparição de Heindallr nos contos é quanto ao sumiço do Mjölnir de Thor, que após pensarem em várias formas de recuperá-lo, frente a deusa Freyja, que era a moeda de troca exigida pelos gigantes, Heindallr sugere que Thor se vista como Freyja e junto a Loki vão recuperar o sagrado martelo. O detalhe interessante é a comparação que se faz entre Heindallr e os Vanir neste momento, pois antes que ele diga sua estratégia é mencionado que ele sabe o futuro tão bem quanto os Vanir, o que de alguma forma poderia criar esta conexão com o Clã, também seu comportamento de sair dormindo em meio a outros casais, rs.


Finalmente, em sua eterna vigilância Heindallr observa o mundo e vê Loki tentando roubar o colar de Freyja enquanto esta dorme, neste momento ele parte em busca de Loki e apos uma grande perseguição surra o deus Loki até entregar o colar Brisíngamen, deste ponto em diante tanto Loki quanto Heindallr criam um desafeto mútuo que só se resolverá no Ragnarökkr com a morte de ambos um pela mão do outro, ou assim dizem os contos.


Sobre seu parentesco, no nome de Vindlér é possível ligá-lo como um dos filhos de Óðinn, entretanto ele é filho de nove mães, e agora vem o mistério. Em um texto antigo é dito que nove gigantas dão origem a um poderoso deus, sendo as nove gigantas Gjálp, Greip, (as duas Gigantas que duelam contra Thor) Eistla, Angeyja, Ulfrún, Eyrgjafa, Imðr, Atla e Járnsaxa (a mãe de um dos filhos de Thor chamado Magni). Exitem também as nove filhas de Aegir (o gigante do mar) e Rán (responsável pela morte dos náufragos), e as mães de Heindallr são apresentadas por serem ligadas ao mar, então a coisa começa a fazer algum sentido, e são seus nomes Himinglaeva, Dúfa, Blóðughadda, Hefring, Uðr, Hrönn, Bylgja, Dröfn e Kólga. Neste caso cria-se uma hipótese um pouco cômica, se as nove filhas de dois gigantes são gigantas e se uma delas é mãe do filho de Thor, de duas a uma, ou Thor é irmão de Heindallr ou Óðinn não perdoou nem as suas noras, rs.


Resumindo, e voltando a falar sério, Heindallr pode ser interpretado como uma divindade observadora, de natureza oposta a de Loki, trazendo ordem onde seu rival trouxe caos, observando tudo que se passa mesmo se feito por aquele que ninguém observa. É uma divindade que cria uma estrutura social entre os humanos, erigindo assim pilares para uma sociedade dividida em castas, também esta ligado a lealdade e a honra pelos seus próprios atos, sendo provavelmente uma das divindades mais ordeiras, ainda que sua origem pareça um tanto quanto caótica, logo se as coisas andarem confusas em sua vida e precisar que alguém olhe para você, tenha certeza que Heindallr o fará sem piscar, rs.


Até Sexta-Feira!


- Heiðinn Hjarta.







terça-feira, 30 de agosto de 2011

Sobre Friðr e o motivo por estarmos aqui.


Muito bem, boa noite povo de todos os cantos. Eu infelizmente não estava bem para escrever na Segunda-feira como de costume, problemas de ordem pessoal, mas que rumam para uma solução. Hoje após observar certos comportamentos, atitudes, pensamentos e informações decidi falar sobre algo que muitos odinistas e asatruares desconhecem ou, se conhecem, ignoram. Então minha batalha contra desinformação agora chega em um tópico da mais alta relevância, cerne do motivo de nossa fé, o coração pulsante que liga todas as veias dando vida a nossa fé, vou falar sobre o Friðr.


A princípio do que se trata essa palavra? Do nórdico antigo Friðr é um substantivo que tem como sinônimo a palavra paz. Entretanto, seu significado e importância vão muito além de três letras, mesmo se originando, primariamente, de três fontes, explicarei. Friðr é uma necessidade cuja a qual todos os povos e seres desejam alcançar, é a harmonia consigo e com tudo que o cerca, é viver em plena felicidade, em paz, pois na paz surge a ordem e a ordem propicia a prosperidade.


A paz, a ordem e a prosperidade não são fonte do Friðr, mas suas consequências. Quando nos referimos que Thor é uma divindade que propicia paz e prosperidade quando está com seu martelo "descansando" é pela razão de ter concluído seu trabalho até aquele ponto, isto é afastou as dificuldades e os perigos por um período da humanidade, que poderá prosperar em paz e ordem, logo daí fica difícil alcançar o Friðr em meio ao caos e a desordem, daí que Lokeanos de primeira viagem acabam fugindo aos propósitos da fé no neo/paganismo nórdico.


Sendo o principal objetivo de nossa fé o Friðr é essa tão desejada harmonia com o todo cujo qual devemos de nos esforçar para buscar durante nossas vidas, tanto para nós como permitir que outros ao nosso redor a alcancem. Exitem três fontes das quais o Friðr emana, pois são essas três formas que possibilitam a humanidade essa harmonia e suas consequências.


A principal se tratava da família, do kindred, do clã e dos demais parentes, havendo essa união e harmonia dentro deste grupo social, consequentemente todas as famílias de uma tribo prosperam essa tribo, por isso ai a importância dos kindres, clãs e da unidade familiar, ai está a importância para a sociedade como um todo do respeito a família, pilar de qualquer sociedade. Mesmo no plano divino pode-se observar os três clãs e dentro deles, e entre eles, as diversas famílias.


A segunda se trata da lealdade, isso se traduziu muito nas relações medievais entre suseranos e vassalos (palavras hoje muito mal interpretadas), também se pode observar na importância que se dá a palavra e aos juramentos, falar é fazer, não seria preciso assinar um papel se as pessoas confiassem entre si, palavras que nãos e traduzem em atos são apenas mentiras. Então você vale tanto quanto a sua palavra, pois esse é o seu valor dentro da fé.


Por fim, a nossa ligação com nossa fé, a nossa sinceridade para com ela, nossa devoção em estudar, conhecer, buscar, aprender e ensinar aos interessados nela. Não se trata de proselitismo monoteísta, estou me referindo a não escutar uma banda de viking metal com um martelo no pescoço e falar por ai que é odinista ou asatruar, estou falando de buscar por um blós ou um sumbl, lembrar as datas, deuses e heróis, ajudar aqueles que buscam saber e saber mais para melhor ajudar.


Observe que na sociedade em que vivemos aqui no Brasil a família é uma instituição cada vez mais decadente, os laços familiares são mais oportunistas do que sinceros e acolhedores, observamos também a falta de amor a própria terra e aos próprios costumes, afinal se nem uma família vai bem quanto mais um país inteiro? Não falo de uma pseudo base para pensamentos fascistas, integralistas ou nazistas, falo de um fato, se seu respeito pela sua família é duvidoso, não espere ser respeitado pelos seus descendentes e se eles não respeitam nem seus ancestrais, quanto mais os estranhos.


Sobre a palavra, no Brasil convivemos com a corrupção, com a descrença nos bons atos e na palavra das pessoas, o que acaba por criar uma insegurança, nos fechando para os outros e para nós mesmos, todos sempre na defensiva, pouca coisa boa pode vir de um comportamento tão doentio, isso se traduz nas instituições e em tudo no nosso dia a dia. Mudar essa atitude não é ser o otário da vez, mas sim mudar o seu mundo e o mundo do próximo, sim os pequenos e poderosos atos, pelo menos entre nós odinistas e asatruares.


Sobre a Fé, hoje ser viking está na moda, escutar bandas de viking metal, ver o filme do Thor, dizer ser descendente de..., jogar runas, e todas as demais babaquices possíveis, tudo pra pendurar um Mjölnir no pescoço e sair por ai odiando cristãos, judeus, muçulmanos e toda a sorte de crenças e fés possíveis. Se buscamos paz, ordem,harmonia e entramos na Fé já com esse pé esquerdo, não espere uma árvore com bons frutos. Logo, se não for ter comprometimento com o neo/paganismo nórdico, é melhor ser Ateu, ao menos eles são mais sinceros que um babaca desses na nossa Fé.


Creio ter contribuído um pouco para nossa causa e nossa Fé, creio até hoje este ser o texto mais importante neste blog. Se não sabemos o que buscamos e nem onde vamos, não há razão para perder o tempo, já que a vida carnal é um momento tão breve aos olhos da eternidade.


Você veio dos seus ancestrais. E um dia será ancestral de alguém


Você vale tanto quanto a sua palavra. E seus atos são a confirmação disso.


Você será lembrado tanto quanto lembrar dos Deuses. Mas as Nornes nunca vão te esquecer.


Não estamos aqui para brincar, estamos aqui para mudar.


- Heiðinn Hjarta

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

O Troth.


Finalmente a doce e esperada sexta-feira, essa semana fui tão andarilho que quase perdi o endereço da minha casa, rs. Caros leitores, eu como de costume, neste dia da semana, posto algo relacionado a arte ou ao paganismo que esteja sendo feito por outras, pessoas. Semana passada falei sobre o Clã Hednir e sua arte de reencenar o passado viking, pois esta vez, falarei de outro herói que deve ser lembrado.


Wagner Cruz, é odinista e pesquisador do paganismo nórdico, seu louvável trabalho, junto ao falecido mas eterno Cadu, está no site O Troth. Textos de cunho acadêmico, com fontes e credibilidade. Eu mesmo tenho algumas traduções que fiz no Wikipédia e deixei o Wagner colocar lá no site, tem sido uma das minhas fontes de pesquisa e compartilho ela com vocês, outra observação, para aqueles que tem e-mail do yahoo é Grupo do Yahoo chamado também O Troth, cujo qual Wagner é o responsável, então espero que se deleitem com o conhecimento lá exposto e boa sorte, e claro bom fim de semana!


Site O Troth




Grupo do Yahoo.




- Heiðinn Hjarta.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Hoenir e Lóðurr - Os irmãos do Alföðr.


Boa noite todos os leitores, espero que tenham apreciado as mudanças no Blog. Os agradecimentos especiais vão para uma pessoa igualmente especial, senhorita Dana que me auxiliou na escolha de temas e cores, a idéia é facilitar a leitura já que alguns textos são extensos, afinal melhor informação completa e correta do que um resumo que deixa muitas falhas e dúvidas.


Bom, feita a explicação preliminar vamos ao tema da quarta-feira, divindades. Sugerido por amigos asatruares e odinistas, vou falar de duas figuras da mitologia nórdica, presentes desde a criação do mundo detalhada na Völuspá (Profecia da Völva), até após a destruição do mesmo segundo o Ragnarökkr (Destino final dos Deuses). Trata-se dos irmãos de Óðinn, Vili e Vé, ou ainda Hoenir e Lóðurr.


Inicialmente vamos desvendar quem são Vili e Vé. Vili no nórdico antigo era a palavra utilizada para representar a Vontade e Vé era a palavra usada para representar um Local Sagrado (Vé ou Weóh), seja um templo, seja um local de sacrifícios etc, ambos os irmãos tem sua aparição simultaneamente na Völuspá, onde são também irmãos de Óðinn, todos filhos do mesmo pai e da mesma mãe, respectivamente Borr e Bestla. Eles surgem no contexto da criação do mundo, onde junto com Óðinn, se unem para destruir o gigante primordial Ymir, de quem descendem todos os gigantes de gelo, para então com as partes deste criarem o mundo dos seres humanos que conhecemos.


Pode-se observar que este ato, no momento da soma da presença das três divindades, pode ser interpretado poeticamente como uma vontade inspirada pelo sagrado, isto é, a criação do mundo. Depois dos seres e mortais que vieram a habitar aquele mundo, tornando o sagrado pelos seus criadores e pela sua criação, os três nomes em nórdico arcaico são Wódin, Wili e Wé, correspondendo respectivamente a inspiração, vontade e ao agente universal (éter, mana, ki, axé, etc), traduzindo finalmente a luz divina, a luz mental e a luz astral, que por fim resultam na luz física.


Eles ainda aparecem no texto Lokasenna (Mudança de Loki), esses irmãos de Óðinn teriam um caso com a mulher de Óðinn, a deusa Frigga, isto teria ocorrido numa época de exílio de Óðinn, onde eles tomaram as vezes de marido desta deusa. Lembrando que este texto já carrega, claramente sinais de uma influência cristã e basicamente precede os eventos do Ragnarökkr.


Sobre Hoenir, ele é um integrante do clã Aesir e uma das três divindades presentes na criação da espécie humana na imagem de Askr e Embla (as outras duas são Óðinn e Lóður), ele é o responsável por dar a razão a humanidade. Também na Yngling saga é conhecido pelo seu eterno silêncio e por ter sido enviado na troca do armistício da guerra Aesir-Vanir para os Vanir, e ele é uma das poucas divindades que sobrevive ao Ragnarökkr. Observe que Vili representa a vontade e Hoenir foi quem deu a razão a humanidade, eis que a vontade só se manifesta pela razão, o plano mental de existência.


Sobre Lóðurr, este foi o responsável por animar os corpos dos primeiros humanos dando aos mesmos cor e calor, lembrando que Óðinn deu a eles a alma e Hoenir os sentidos. Logo ficaria difícil dar mais detalhes desta divindade, alguns estudiosos tem o interpretado como outro nome para Vé, para Vili, pra Freyr ou ainda para Loki. Agora vem a minha aposta, rs. Nos textos em que Óðinn é mencionado junto a Hoenir, a presença de Loki também é mencionada, sempre em trio, sem a presença dos demais deuses. Sabemos que Hoenir é silencioso, era atribuido um ato de sabedoria entre os nórdicos o silêncio, pois quem se cala observa e pensa. Sabemos que Loki também era a divindade mais instintiva e impulsiva, por de certo viva, fazendo um erro atrás do outro apenas agindo pelas suas vontades e sentimentos, essa impulsividade é manifesta no presente de Lóðurr, então fica a minha dica, Lóðurr = Loki.


Bom espero que com esse texto tenham uma melhor interpretação destas figuras misteriosas que estão próximas de um dos deuses do qual se tem mais informação e ainda assim permanece oculto em mistérios. Boa noite e até sexta.


- Heiðinn Hjarta.


segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Sobre pureza e raízes.

Boa noite louvável visitante! Não importa de onde venha, que idioma fale, que cor tenha, que roupa vista, em que opiniões insista, será bem vindo enquanto se sentir bem vindo. Hoje segunda-feira é dia de abordarmos sobre questões importantes, que não morrem nem nascem conosco, mas já estavam antes de nós e vão se perpetuar até muito depois de qualquer Ragnarökkr.


Abordarei sobre um dos temas que mais incomoda, causa polêmica, e dor de cabeça, no meio do neo/paganismo nórdico, principalmente para iniciantes e curiosos. Falarei sobre hereditariedade, etnia, ascendência e descendência dentro da antiga/nova fé nórdica. E vou surpreender tanto quem deseja afirmar a velha opinião do “cada povo com sua fé”, até aqueles que defendem que a fé “só se limita na visão de quem a limita”.


Começaremos pelo próprio plano divino, há exemplo melhor que as divindades que cultuamos e respeitamos? Acredito que não. A princípio temos três tribos de origens distintas, Aesir, Vanir e Jötnar, essas três tribos tinham costumes diferentes, princípios diferentes e um conceito de correto e incorreto diferentes, suas descrições físicas, uns aos olhos dos outros também eram distintas e como anteriores a RAÇA humana, não pertenciam a qualquer grupo étnico desta.


Mas agora vamos ignorar esta crença e vamos acreditar que os três clãs eram três tribos que existiam pelo bloco geográfico da Eurásia, e vamos supor ainda que todas fossem caucasianas (brancas), ainda assim temos nas descrições claramente desde loiros a ruivos, desde pessoas de pele alva até pessoas de pele não tão alva assim. Temos ainda em nível sócio-cultural a presença dos Saami/Lapões influenciando as crenças do grupo nórdico por meio do xamãnismo, que ficou marcado nas práticas religiosas, sacrifícios, crenças, divindades compartilhadas com nomes diferentes e ainda na magia praticada pelos germanos/nórdicos sem esquecer também a figura do próprio Óðinn como xamã.


Agora voltemos ao plano mitológico e divino do tema, muitas vezes, divindades de tribos diferentes se casaram entre si, ou quando não o fizeram pularam a cerca, dando origem a outras divindades "mestiças". Podemos observar também que as divindades com seu comportamento, muito humano, sempre temeram e estranharam seus diferentes, tal como vemos a guerra entre os Aesir e os Vanir, tal como vemos os Aesir e os Jotuns e assim por diante, mas acabavam pondo de lado as diferenças e aceitar os diferentes, como a paz após a guerra Aesir-Vanir, Loki entre os Aesir e podemos citar, por exemplo, Thor e Járnsaxa, Óðinn e Fjörgyn, Freyr e Gerðr, Njörðr e Skaði, Freyja e os quatro Dvergr (Anões), ainda tínhamos todos os seres que desejavam Freyja (bom, mas acho que quanto a Freyja é a exceção da regra rs).


Bom em nível mundano e social o casamento entre tribos diferentes era algo bastante comum, interessando mais o que as famílias ganhariam entre si do que realmente a origem dos integrantes do casal. Ainda podemos lembrar que não havia uma preferência quando o assunto se tratava de sobrevivência ou necessidades, haja visto a passagem dos Visigodos e Ostrogodos por suas respectivas regiões, também as incursões de Anglos e Saxões em terras Celtas, é muita ingenuidade imaginar que nada aconteceria depois daqueles "intercâmbios culturais".


Além de que para finalizar do ponto de vista mais cético e científico. "Existe uma variação genética de cerca de 15% entre quaisquer dois indivíduos," segundo a escritora científica Deborah Blum. "Menos que a metade disso, cerca de 6%, é responsável pelas classificações raciais conhecidas.... Uma pessoa branca selecionada aleatoriamente, portanto, pode facilmente estar mais próxima geneticamente de um africano que de outro branco" .


C. Loring Brace, antropólogo da Universidade de Michigan, afirma que "raça é uma palavra de quatro letras sem nenhuma fundamentação na realidade biológica".


Após esses apontamentos posso concluir que há algo de errado na opinião de pessoas que sustenta quem a fé seja nos Aesir, seja nos Vanir, seja nos Jötnar, só é limitada a uma espécie e seus descendentes. Quando os deuses criaram Ask e Embla, eles criaram a RAÇA humana, não uma ETNIA dela. Então sim meu amigo, você pode ser de qualquer nacionalidade ou etnia e seguir esta fé, a única coisa que vai limitar sua ligação aos deuses será você e a sua visão quanto a isso. Quem limita não é exclusivo, quem limita é limitado.


Agora do outro lado, não considero que seja errado uma determinada etnia ou grupo étnico desejar manter a cultura que produziu e a herança que legou desde que mantenha algo de construtivo não só ao seu grupo, mas a toda a humanidade, afinal a progresso científico, cultural e social, enfim a evolução é o meio pelo qual se busca objetivo principal da raça humana, a sobrevivência. Xenofobia e racismo não podem ser atitudes progressistas, tão somente retrógradas ou estacionárias, o intercâmbio cultural fez nações crescerem e tudo de ruim que veio desse intercâmbio e globalização veio tão somente do ser humano, que pode ser um gênio ou um estúpido com qualquer sexo, idade, condição social, crença ou cor de pele.


Esgotado o assunto pelo uso do bom senso, espero que fique claro que essa fé não é para quem se limita, mas para quem busca vencer seus limites. E por fim relembro:


"Quem limita não é exclusivo, quem se limita é limitado".


- Heiðinn Hjarta

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Nossos Heróis - O Clan Hednir.

Boa noite senhoras e senhores, leitoras e leitores! Nesta Sexta-feira, vou divulgar para vocês um grupo de bravos guerreiros e belas valquírias que tem se comprometido com a exposição da ultura nórdica em vários âmbitos artísticos, por meio de escritas em rúnico, encenações de batalhas medievais, ambientações, apresentações musicais e também de danças de forma típica além das apuradas vestimentas, fazendo frio ou calor, rs.


Convido vocês a conhecer o Clã Hednir, um grupo de heróis que praticam Historical Reenactment (recriação histórica), sempre presentes em eventos artísticos ou ligados a arte de alguma forma, mostrando na prática o que muita gente só tem a oportunidade de conhecer na teoria.


Já havia mencionado eles na postagem http://perturbardo.blogspot.com/2011/07/velhos-caminhos-num-novo-mundo.html, é melhor reconhecer os heróis quando vivos, do que depois disso. Pois bem continuando, formado por Tron, o lenhador; Hjörverdr, o vermelho; Bruno, o eslavo; Lau, a mais legal; Spoon, o brinquedo; Conan, o Cimério (sem peruca); Érika, a Arkona; Eddy, o Prússio; Lucas, o Fiel; Karn; Allan; Sérgio, o Pai Prússio; Pia, a Esquentada; Pietra, a Berseker (a mais perigosa dos integrantes) e por fim Julia, ufa acabou.


O grupo já é grande e possui três anos, vêem se apresentando em eventos ligados a literatura medieval, shows de viking metal e gêneros afins, tiveram um espaço significativo na Virada Cultural de São Paulo e de passo, vêem alcançando novos horizontes. Sua batalhas são bem empolgantes, e um dia eu desafio eles, rs. Também realizam treinamentos para os interessados a aprender a manejar armas medievais, afinal nunca sabemos quando vamos precisar. Eles também vendem armaduras, armas pelo que notei ainda não, mas creio que é questão de tempo.


Pude ter o prazer de presenciar o grupo cantando uma versão de uma musica de uma banda não muito conhecida chamada Trollfest, a musica se chama Sagaen Om Suttungs-Mjöd (A Saga do Hidromel de Suttungr), a musica aborda sobre como Óðinn trouxe o hidromel para os Deuses. O grupo é bem acessível e tem um trabalho bem elaborado, sempre com produtos de temática nórdica a venda ou para demonstração (caso das armas), eles também confeccionam escudos, você pode colcoar o símbolo do seu kindred/clan num deles, rs.


Deixo aqui os contatos deles. Bom aqui fica a dica, espero que possam apreciar o trabalho destes guerreiros-artistas.

Site:


Facebook:


E-mail:

hednirclan@gmail.com

Telefone:

(11) 82604813

Portifólio:



Bom fim de semana a todos e até Segunda!


- Heiðinn Hjarta


quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Holda - A Senhora das Bruxas.


Boa noite a todos os visitantes. Hoje vou dedicar, pela temática da postagem anterior que abordava sobre as mulheres no neo/paganismo nórdico, sobre uma divindade feminina e muito misteriosa, trata-se de uma Deusa tipicamente germana que pode em seu mistério nos esclarecer alguns erros clássicos cometidos por pessoas que começam no neo/paganismo, cercados de um misticismo e exoterismo que só vem a iludir e prejudicar sua caminhada em direção a uma fé concreta e madura.


O nome dela é Holda e pode ser encontrado também como Frau Holda, Holle, e até em latin Hludana. Ela além de vários nomes, consequência das várias tribos germanas, também inspirou a cultura nórdica tanto na figura da criatura sobrenatural feminina chamada Huldra, quanto o nome da Völva/Seiðkona chamada Huld, figura presente nas Ynglinga saga e Sturlunga saga. Também é possível apontar um parentesco como a mãe das deusas irmãs Þorgerðr Hölgabrúðr e Irpa, que serão estudadas em oportunidade futura.


Esta Deusa de origem germana é a matrona das atividades do lar, porém mais focada na tecelagem em linho e lã, sendo esta profissão um ofício altamente ligado com a simbologia da tecelagem do destino praticada tanto pelas Nornes quanto pela deusa Frigg (não acredito em uma coincidência no segundo caso afinal, Frau Holda é um dos nomes). Frau Holda ensina, inspira e recompensa o trabalho árduo, punindo os preguiçosos. Para quem já pode ler o texto Germania de Tácito poderá notar o quanto a laboriosidade era apreciada, uma virtude já muito antiga entre os germanos, logo esta divindade tem um lugar altamente relevante.


Ela é associada com os animais e lugares selvagens, com o clima e a mudança que ele acarreta sobre a terra quando neva, logo é intimamente ligada a estação do Inverno, época em que ocorrem as festividades em sua comemoração. Holda é capaz de alterar o próprio clima, é dito que quando Holda balança seu travesseiro de penas neva na terra, que o nevoeiro é a fumaça de seu fogo e que o trovão é ouvido quando ela começa a fiar, logo inegável sua ligação com o controle do clima. Ela se manifesta em duas aparências, como uma senhora idosa e banguela de nariz curvo ou como uma dama reluzente vestida de branco, sua veste neste aspecto é feita de flocos de neve frescos. Observem a ausência do famoso aspecto tríplice.


Ela está associada aos recém-nascidos, sendo protetora deles e detentora de uma fonte sagrada de onde as almas deles se originam. Um fato interessante é que muitos lugares são assombrados pela visão dela se banhando, branca e reluzente, sempre lagos e fontes, o que indica uma forte associação com a água.


Ela lidera também a famosa Caçada Selvagem. Nas tribos germanas do norte ela lidera a Caçada levando consigo as almas dos mortos, (lembra Hell não?) já ao sul a sua contraparte Perchta leva consigo a alma das crianças que não nasceram ou que morreram logo após o parto, resumindo uma tendencia de estar ligada tanto aos que estão indo do mundo dos vivos como aqueles que estavam vindo para ele. Um detalhe interessante nesse ponto é que ela é chamada também de frau Gode, frau Gaue e Frau Woden (Opa Woden? Acho que conheço esse cara, rs). Isso pode nos indicar ligações mais antigas com Frigga/Figg/Fricka ou com Hell/Hella (Eu aposto na primeira).


Por fim e agora o motivo do título. Matrona das Bruxas! Sim, isso mesmo matrona das bruxas! Mas pera ae? De onde surgiu esse papo de matrona das bruxas? Vamos agradecer a uma instituição chamada Igreja Católica Apostólica Romana que nos seus idos medievais associava as práticas pagãs e inclusive os ofícios femininos com truques diabólicos ensinados pelo Demônio e blá, blá blá. Tudo que mulheres faziam na idade média exceto rezar, cuidar dos filhos e cuidar da casa, era coisa do Demônio.


A mentalidade retrograda e machista da Igreja Católica além de matar inúmeros pagãos, converter povos e substituir Deuses e Deusas por santos e santas da cristandade, nos deixou de brinde as bases de um pensamento cultuado em larga escala atualmente. Eles chamavam Holda não só pelo nome de Holda mas também de Diana, Herodias, Bertha, Richella, Abundia, Arada, Hecate, Ártemis, Artio, Epona, as Matronas e a Madre de Egyon. Após essa salada católica, vem um cara chamado Gerald Brosseau Gardner, que só era discípulo de outro cara chamado Aleister Crowley (resumindo, só gente boa hein?), mudando o antigo cardápio fazendo uma nova salada, essa infelizmente bem mais conhecida por nós hoje em dia. Por essas e outras não sou vegetariano, sou onívoro rs.

Então desculpe me desapontá-los se esperavam uma senhora das bruxas, da magia e etc.


"Eu não vim para agradar, muito menos para enganar.

Minha função tão somente é o conhecimento revelar e fazer você pensar.

Não pretendo sua opinião formar, muito menos ela deformar.

Cada um de nós que use sua liberdade, discernimento e maturidade.

Vamos separar o joio do trigo e eu estou aqui para isso".



- Heiðinn Hjarta.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

As filhas de Embla.


Boa noite amigos leitores e colegas curiosos, hoje vou começar minha saga de desmistificação sobre a fé neo/pagã nórdica, serão semanas onde travarei batalha contra a desinformação, pois ando observando a quantidade de lixo que tem sido ejetado sobre leitores desavisados por meios similares de comunicação, boa intenção ou não o fato é que muita informação está sendo repassada de forma errônea e irresponsável. Não sou dono da verdade de ninguém, mas também não vou indicar o buraco para ninguém, ao menos o começo de um caminho seguro. Então mãos a obra.


Resolvi abordar um dos maiores mitos sobre o neo/paganismo nórdico. Sobre o alegado machismo, do qual supostamente somos incitadores por meio de uma cultura que preza a batalha, a bebedeira, e mais fala em deuses do que deusas. Besteira! Está na hora de observar fatos e não boatos.


Ah mulheres, quem vive sem elas? Ninguém. E isso não muda no neo/paganismo nórdico. Desde o princípio homem e mulher feitos da mesma matéria pelos deuses se tem por iguais, nem um melhor do que o outro, Ask e Embla no mito da criação da humanidade refletem bem isso, e ainda que você queira atribuir um fato machista de 3 Deuses terem criado o casal em conjunto, não esqueçam que todos eles nasceram de alguém e lá você vai encontrar uma figura feminina. Na própria criação do universo o princípio feminino era representado na figura de uma vaca chamada Auðumbla, tamanha a importância do animal (calma não estou comparando nossas mulheres a vacas!). Mas se de fato esta figura feminina não fosse necessária ou importante o gigante Ymir poderia ter matado um "boi primordial" e se alimentado da carne do mesmo, mas o fato é que não o foi e tudo tem seu motivo de ser.


Temos na espiritualidade as Nornes, que estão acima dos deuses e deusas, de qualquer que seja o clã, acima até do próprio Óðinn, como detentoras do destino de todas as coisas e não há Ragnarökr nenhum que vá dar cabo delas. Temos também ainda na espiritualidade a Fyjgia que é a acompanhante pessoal que auxilia nas viagens xamânicas e atua principalmente como uma guardiã pessoal, as Dísir que são ancestrais femininas que cuidam da linhagem familiar. E podemos assumir que em graus de importância as Dísir estão abaixo das Valquírias que estão abaixo das Nornes. Há ainda sem esgotar a importância espiritual da figura feminina em nossa fé o fato de que tanto a mulher nos dá a vida quanto ela mesma a tira na figura de Hel.


Saindo do ponto espiritual e adentrando o mitológico temos a figura das Ásynjur, as inúmeras deusas que se manifestam nos três clãs citando apenas algumas como Frigga, Freyja, Skaði, Iðunn, Rán, Rindr, Gefjon, Sif, Jörð, Sága, Sif e Sigyn. Importante também ressaltar que não se trata apenas de nomes, cada uma delas estudada em particular revela seu aspecto complexo se desmembrando nos inúmeros domínios que cada uma alcança, sem se confundirem como paralelos, em outras palavras, não são as várias faces de uma divindade feminina, mas muitas divindades únicas cada qual por si só. Ainda lembremos das Valquírias agora sim em seu contexto mitológico, como as guerreiras implacáveis que são e as Völvas e as praticantes da magia Seiðr.


Adentrando o mundano podemos apontar a mulher como uma Gyðja (chefe de clã, mestra de ritos e cerimônias, bem como guia espiritual) ou uma Valquíria (como uma figura auxiliar da primeira e também a figura que repassa a fertilidade aos convidados num banquete durante um rito por meio do chifre de libação). As rainhas, guerreiras e piratas imortalizadas no passado pelos seus feitos. E ainda na natureza onde mostra-se por meio do chifre do animal a igualdade de ambos os sexos.


Ainda em história, mas lembrando que o cunho do Blog não é acadêmico, vale ressaltar as Shieldmaiden, mulheres que eram escolhidas para serem guerreiras em campo de batalha, prática comum das tribos dos Godos, Marcomanos e Cimbros. Para maiores detalhes sobre essas guerreiras busque pelos feitos de Hervor na Hervarar Saga e no Gesta Danorum; Brynhild em Volsung saga; Hed, Visna e Veborg também no Gesta Danorum, sobre as 300 mulheres que lutaram a Batalha de Bravala ao lado do danos; a princesa suéca Thornbjörg na Hrólfs saga Gautrekssonar, e a lista continua...


Logo se após esta superficial explicação da importância da mulher em meio a nossa espiritualidade, você leitor ou leitora ainda acredita que há desigualdade ou ainda machismo, então eu recomendo que pare de ler esse blog, pois está subestimando seu bom senso. Outro fato importante para apontar é que esse texto não visa ser um atalho para algumas mulheres colocarem o "sagrado feminino" "a Deusa" e o divino ego feminista lá no talo. Definitivamente, mulheres e homens são gêneros da mesma raça e a natureza é equilibrada demais para cometer o erro de tornar um desses gêneros superior ao outro. Não são seres opostos, mas seres que se complementam para alcançar o equilíbrio necessário para o desenvolvimento da raça humana.


Também fico muito chateado com o excesso de pessoas que vêem nos Vanir uma fuga para um "feminismo nórdico" por conta da imagem e figura de Freyja, aviso aos desavisados, o equilíbrio lá é igual como em qualquer outro clã, isso pode ser meramente ilustrado na figura dos irmãos Freyr e Freyja. Gente abre o olho, isso aqui não é "casa da Deusa". Espero então que possam observar que qualquer forma de comportamento machista ou feminista parte do ser humano e não de nossa fé. A natureza é bela em suas criações e nós somos IGUALMENTE parte dela.


Hail Aesir och Ásynjur! Hail Ask och Embla!


Até quarta-feira. Abraços!


- Heiðinn Hjarta

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Ajudando a Arvore Neo/Pagã.

Boa noite neo/pagãos de todos os cantos, hoje dedico o espaço a uma amiga que pela segunda vez tem a coragem e audácia de reunir os mais diferentes grupos pagãos para trocarem experiências e conhecerem mais deste enorme mundo com tantos deuses e deusas.



Trata-se do 2º Encontro Pagão da Baixada Santista.
Data: Domingo dia 21 de Agosto de 2011.
Local: Rua Padre Anchieta nº 41, Bairro: Biquinha, Cidade de São Vicente.



O evento contará com uma feira de artigos místicos e exotéricos, bem como palestras e workshops com Denise de Santi, Vivi Dal Bo, Sahira Ma Ajniha, Marcos Reis, Heiðinn Hjarta (sim este que vos fala! rs) e apresentação musical de Medieval New Age.



Vou abordar de forma introdutória sobre a espiritualidade neo/pagã nórdica de forma a expor o que ela é e, com bastante clareza, o que ela não é. Também falarei de forma introdutória sobre magia nos povos nórdicos, Galdr, Seiðr, Taufr, Stadha e Runas e alertar os desavisados do perigo de tratar isso com levianidade ou mais uma fórmula de uma revistinha adolescente. Enfim, sempre ajudando com o que sei, mas nunca deixando de ser quem sou.



Mais uma vez agradeço a organizadora pelo espaço de exposição, segue o link do evento:






Se tiver fotos ou vídeos da palestra disponibilizo aos interessados.



Bom fim de semana a todos!



- Heiðinn Hjarta.





quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Freyja - A Senhora das Valquírias.


Boa tarde povo! Infelizmente ontem estive com problemas de saúde e não pude postar na quarta-feira como de costume, desde já peço desculpas e continuo a gradecer ao pessoal que tem acompanhado o Blog, cada vez maior. Sem mais delongas vamos hoje dedicar o dia de divindades no Blog a uma divindade do clã Vanir, já falamos de Freyr e agora falaremos de sua irmã Freyja, então boa leitura.


Quem é Freyja? Ela é uma das Ásynjur (deusas), pertencente ao Clã Vanir, deusa de grande poder e prestígio, detentora dos domínios do amor, beleza, fertilidade, magia (seiðr), guerra e morte. Os aspectos do amor e da beleza são facilmente retratados da seguinte forma, no amor ela é uma divindade apaixonada por Óðr, pelo qual sempre chora lágrimas de ouro em suas longas partidas sendo ela, como a maioria dos Vanir, uma divindade de amor sincero, leal e intenso. Já quanto a beleza se reflete no fato de ser desejada por quase todos os seres pela sua beleza e sensualidade, ela também se atrai apelo belo como no caso do seu lindo colar Brísingamen. Sobre a fertilidade não precisamos ir muito além, está ligado a todos os Vanir o aspecto mais forte deles, seus cultos retratam sempre a importância de uma boa colheira, fatura, estações favoráveis terras produtivas, etc. Sobre o Seiðr, talvez vocês já tenham ouvido falar dela como deusa da magia, esta magia de que se fala é o Seiðr, magia praticada entre os Vanir principalmente por mulheres, envolvendo estados de transe induzidos por ervas e tambores xamânicos de uma forma mais simplificada, sendo que o próprio Óðinn aprendeu com ela as práticas do Seiðr por ela dominar esta forma de magia.


Quanto a guerra e a morte as evidências ficam no fato dela ser a rainha das valquírias e de também ser a detentora da metade de todos os mortos que caem nos campos de batalha, sendo que nem sempre os guerreiros vão para o Valhalla, já que Óðinn só tinha a outra metade, logo você viking que fica gritando o nome de Óðinn pode acordar do lado de Freyja, o que de certa forma não seria um mal negócio rs, acordar ao lado dela ainda será acordar num paraíso, rs. Outro fato engraçado é que existe uma grande quantidade de mulheres guerreiras, sei que foge um pouco do assunto, mas estamos falando de uma divindade feminina guerreira, então deixo o nome dessas guerreiras aqui, Thyra (rainha dinamarquesa século VIII), Hethna, Visna e Vebiorg (guerreiras dinamarquesas), Sela(pirata), Alfhild (pirata), Hervor (pirata e guerreira), Thorbjorg (rainha sueca), Freydis Eriksdóttir (aventureira e colonizadora), Gunvara (guerreira), Jutta (pirata) entre outras.


Voltando, sabemos quem ela é, mas cabe aqui mostrar outros nomes dela caso assim se deparem com esses nomes saberem que se fala da mesma divindade, afinal muitas eram as tribos e muitos foram os Skalds que usaram nomes diferentes para se referir a esta bela deusa. Gefn, Hörn, Mardöll, Skjálf, Sýr, Thröng, Thrungva, Valfreyja e Vanadis. Outras variações do nome de Freyja são Freya, Freja, Freyia, Freia e Frøya, mas nunca Feia.


Sobre seus objetos mágicos estão seu famoso colar, sua carruagem puxada por dois gatos, o javali Hildisvíni feito de um homem chamado Ottar que a cultuava, sua capa feita de penas de falcão que permite ao possuidor voar na forma do animal, capa esta que ela emprestou a Loki uma vez, dona do plano de pós-vida Fólkvangr onde se situa seu salão Sessrúmnir. Na sua família ela tem como marido Óðr, como irmão Freyr, como pai Njörðr e duas filhas, Hnoss e Gersemi (ambos os nomes significam tesouro) e ambas foram com o mesmo pai Óðr.


Finalmente sobre Freyja e sua simbologia, dentro dos mitos e fora deles, é a representação mais pura e completa da mulher independente, poderosa, guerreira, desejada, mas sem deixar de amar e ser fiel ao seu amor. Ela é a detentora de uma beleza invejada por muitas, coisa que muitas mulheres almejariam, esta mesma beleza faz com que muitos a protegem em troca de nada e a tratem muito bem e mesmo tento toda essa beleza ela não se coloca acima das demais deusas. Ela é a representação daquela mulher que tem poder na guerra, pelo seu exército, pelas valquírias e pela magia Seiðr, ela representa este poder feminino enfim ela é uma Guerreira. Também simboliza a fertilidade feminina e é atenciosa com seus seguidores sendo uma deusa não só de mulheres mas de homens igualmente. Então podemos resumir esta figura vanir não só mais como uma fútil deusa de amor e beleza, mas também uma mestra nos mistérios do Seiðr e Senhora da Valquírias e daqueles que elas trazem a ela, enfim a divinização da feminilidade no auge do seu poder sem ser feminista para isso, um brinde a Valfreyja!


Até sexta!


- Heiðinn Hjarta

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Os melhores amigos.

Boa noite estimados leitores, começo esta segunda feira entendendo ser necessário falar de um assunto pelo qual creio que todos nós conhecedores ou meramente curiosos da fé já passamos. Creio que todos aqueles que levam a fé no paganismo nórdico a sério devem ter observado os mitos, as eddas e observado o vasto clã divino dos Aesir e dos Vanir, e até alguns dos Jotuns, em busca de uma determinada entidade cuja qual mais se assemelhasse, em busca da chamada "divindade patrona/matrona", então para você parar de perder o sono com esse assunto vão aqui algumas dicas que dou baseado em observação ao comportamento alheio e por experiência própria.


Alguns apontamentos se fazem necessários. Para começar existe aquela dúvida, você escolhe ou é escolhido? Esse papo de escolher não é como você ir à prateleira de um supermercado e falar, hoje vou levar Thor para casa e amanhã vou levar Freyr, desculpe me desapontá-lo, mas não é assim não, deuses não são xampus.


Existem de fato pessoas que, ainda que não escolham, parecem ter uma afinidade incrível com certas divindades, e sim é possível dizer que pessoas podem, ou são, escolhidas por entidades, as sagas estão repletas de heróis que Ódinn dava toda a sorte para ele mesmo depois ir tirar a vida de seus campeões para levar para o Valhalla, e eles não são sutis, a menos que assim queiram, ao mostrar que escolheram alguém, isso se manifesta por meio de sonhos, coisas no dia a dia e pode aflorar em sua natureza e quando você percebe já está ao lado dele/dela.


O que leva uma divindade a escolher uma pessoa? Não me pergunte, não sou um Aesir nem um Vanir, e nem pretendo entendê-los de tal forma, deuses não são livros, você deve vive-los, mas suas motivações estão um pouco acima de nosso ponto de vista, somos bem limitados em comparação ao deles.


Voltando ao papo de escolher ao invés de ser escolhido, isso demora um tempo, dificilmente a primeira escolha é a certa, isso se dá por alguns fatores clássicos, o mais comum é a falta de conhecimento sobre a mitologia, outro é escolher sempre os mais populares acreditando serem mais fortes, tolice. Conheço pessoas que se aproximaram de divindades que não tinham nada haver com elas, mas que elas precisavam ter ao lado, talvez uma pessoa covarde e engenhosa que daria um ótimo Lokeano (o covarde não tem nada haver com o Lokeano) decidiu por buscar abrigo em Tyr, pois precisava acreditar mais em si e ter mais coragem para encarar as coisas de frente.


Conheço também pessoas que escolheram sua divindade pela afinidade que já tinham com ela. Incrível é que essas pessoas costumam até casar nos defeitos da divindade, é isso que chamo de afinidade. Mas óbvio não justifica você escolher Thor e se tornar um beberrão de cerveja ou hidromel, para beber cerveja ou hidromel não é preciso ter desculpas, apenas beba.


Superada essas explicações agora vem a pergunta, existe uma rejeição? Em todo esse tempo observei vários casos e posso dizer tranquilamente que a dúvida por parte do ser humano em questão e não algum sinal divino leva a essa rejeição. A falta de fé e de convicção na escolha da pessoa leva a essa "rejeição", como digo nem todo mundo é como Ódinn para acertar a lança de primeira. Essas dúvidas são boas, pois nos levam a explorar várias divindades e conhecer melhor esse mundo sagrado.


Algo também muito importante, mas muito mesmo! Não esqueçam que após escolher uma divindade as outras continuam existindo e estarão lá para te ajudar, são nossos amigos, nossos aliados e querem de certa forma o nosso bem, desde que não façamos nada para ir contra isso. Logo você pode muito bem depois de ter escolhido ou ter sido escolhido por Bragi, fazer uma oração ou um blót para alguma outra divindade se for algo fora do alcance de Bragi.


Outro fator importante, a divindade não é seu mestre absoluto supremo que vai te dar chibatadas e fazer chover gafanhotos no seu quintal se você fizer algo de errado, mais uma vez não são nossos mestres, mas nossos amigos e devemos honrá-los e respeitá-los tanto quanto a nós mesmos, nossos ancestrais e os demais seres que temos por sagrados.


Por fim, fica uma dica, ao menos que tenha reconhecido uma escolha equivocada ou precipitada, evite mudar sua escolha, não diria que os deuses são ciumentos, mas se quebrar sua palavra para com o próximo já é uma desonra, imagina quanto a uma divindade? Creio que ninguém gosta de ter por perto a desonra e dos desonrados, e quando digo ninguém é ninguém mesmo, sem erro.


Espero ter ajudado a tranqüilizar uns e esclarecer outros, no final das contas a escolha sempre será sua, boa sorte e se estiver em paz com ela, pode apostar que fez a escolha certa. Até quarta-feira.


- Heiðinn Hjarta

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Hel a rainha dos mortos.


Busco em palavras o que traduz sua aproximação

Busco fugir, mas é contigo que me deitarei no chão

Vejo as quatro estações lentamente passarem

Ouço com a mesma pressa seus passos chegarem


Não existem heróis que sejam imbatíveis,

Não existem vilões que sejam invencíveis,

Não há um refúgio para a sua chegada

Posse estar distante ou em minha morada


Você irá me encontrar e irá me levar

A natureza é perfeita e devo me conformar

A morte da casca é o renascimento da alma

Apenas desejo atravessar o seu rio em calma


Sem me preocupar com o que deixei de fazer

Mas me orgulhar com o que pude aprender

Desejando viver junto a minha família ancestral

Sem me preocupar em ter voltar do umbral


Não vou gritar, seus ouvidos são de pedra

Não vou chorar, para um coração que congela

Talvez que queira estar no meio de uma guerra

Talvez seja meu destino, cair antes por terra


Mas é essa aceitação que me faz lembrar

O que a vida ainda tem a me ensinar

Cada momento que devo aproveitar

Cada experiência que devo carregar



Para poder os meus descendentes ajudar

Quando meu corpo não mais respirar

Que eu não fique aqui como uma alma penada

Que eu não tenha de passar pela terrível Caçada

Espero que até esse dia você me renove

Tantas vezes eu precise até ser nobre

E não ser como aqueles que falharam

Poderiam ter mudado e apenas se acomodaram


E agora vagam em eterna lentidão

Vivendo uma eterna estagnação

Se negando a vida pela ociosidade

Vivendo a morte pela própria vontade




- Heiðinn Hjarta

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Hel - A dama dos mortos.

Boa noite senhoras e senhores, nesta quarta-feira que faz muito frio por aqui onde estou, dedico o texto seguinte a uma divindade que está acostumada com as vibrações e temperaturas mais baixas da terra, ao contrário da crença cristã de churrascada eterna, vou dedicar minhas próximas palavras a Hel, a senhora do submundo nórdico.


Mas antes, vamos fazer algumas considerações. Inicialmente qual é a diferença de Hel (lugar) para Niflhel e Niflheimr? Vamos então aos esclarecimentos, Hel é o local, de mesmo nome da sua divindade dominante, que guarda a alma daqueles que morreram por velhice ou por doenças o local guarda também um galo vermelho que irá cantar nos portões ao início do Ragnarok, os outros dois estão em Jötunheimr e Valhalla, assim como o local esconde uma das três mais profundas raízes da árvore da vida Yggdrasil, sendo as outras duas uma em Jötunheimr (lar dos gigantes) e a outra em Midgarð (lar dos humanos), apesar de Hel ser considerado um lugar de apatia e tédio, o verdadeiro sofrimento ficava em um lugar dentro de Hel chamado Náströnd onde o dragão Niðhöggr se alimentava dos mortos, essa divisão pode sugerir uma diferença entre formas de tratamento.


Niflhel é apenas outro nome para uma região de Hel, simbolizando nitidamente a tradução névoas de Hel, muito provavelmente as planícies escuras que Hermóðr, filho de Óðinn, cavalga por nove noites, num vale escuro e deserto onde nada podia ser visto, para chegar no reino de Hel. E por fim Nifheimr, a terra do gelo primordial, não é o mundo dos mortos! Ele já existia no começo da criação, anterior ao próprio gigante Ymir e tão velho quanto Múspellheimr a terra fogo primordial, bom como dos gigantes do fogo.


Eliminadas as controvérsias seguimos com a Divindade do dia Hel. Esta divindade tem sua descendência em Loki como seu pai e a giganta Angrboða como sua mãe, tem como irmãos desta união, o lobo Fenrir e a serpente Jörmungandr. Ela foi colocada por Óðinn em Hel para regrar um lugar onde pudesse guardar aqueles que viessem a morrer de doença ou velhice, ou seja, ela num é um carrasco divino como os vários diabos do monoteísmo, ela tem uma função importante, manter os mundos separados, para isso ela se mostra uma criatura sem compaixão e sempre neutra, como a morte em sua perfeição deve ser. Seu reino possui imensos salões e o seu se chama Éljúðnir (encoberto por nevascas ou molhado pelo granizo), possui um prato chamado Fome, uma faca chamada escassez, um servo chamado Ganglati (andarilho ocioso) e uma serva chamada Ganglöt (andarilha preguiçosa), uma giganta chamada Móðguðr que guardava a ponte Gjallarbrú, que atravessava o rio Gjöll, permitindo os recém falecidos atravessá-la para finalmente adentrarem ao reino de Hel e segundo o pesquisador, Jacob Grimm, uma montaria de três patas chamada Helhest.


A entrada de seu reino se chama Pedra do Tropeço, sua cama se chama Doença e suas cortinas se chamam Fardo Reluzente. Ela é simetricamente branca e negra, viva e morta e sempre descrita como abatida mas de olhar feroz. Mesmo os reis que morriam de doença não escapavam de Hel, como foi o caso do rei Dyggi, que dizia-se ter ido se deitar com Hel (exatamente neste sentido), após a sua morte. Outros reis como Halfdan Hvitbeinn e seu filho e sucessor Eystein Halfdansson, também tiveram a mesma sorte ou o mesmo azar.


Além de tudo isso um aspecto muito interessante é o fato de tanto a vida quanto a morte serem representadas por figuras femininas, como se a mulher desse a vida e a tirasse também. Hel em sua forma simétrica resume bem isso, textos antigos (vide postagem anterior a esta) também falam de como Hel ia buscar os mortos e como mulheres as vezes eram sacrificadas em ritos funerários, a própria presença das Disir como seres ancestrais femininos desencarnados guardando a sorte do indivíduo e do clã corroboram esses fatos.


Seja como for Hel representa bem o arquétipo de criatura rústica do clã dos Jötuns, pelo fato de ser uma adversidade que pouco se pode evitar, em sua sabedoria e frieza consegue manter sua função com imparcialidade e equilíbrio, como a natureza o é, e aqueles que desejam entender melhor os mistérios da morte esta é uma deusa que tem muito a oferecer, mas também existe um bom motivo pelo qual os vivos estão vivos e vivem entre os vivos, assim como os mortos estão mortos e vivem entre os mortos. Aprender com a morte, enquanto vivo, é algo gratificante, mas abraçá-la seria deixar de aprender com a própria vida.


E para encerrar os pensamentos fúnebres da noite deixo uma frase de reflexão do já falecido, mas imortalizado em suas obras, Mario Quintana:


"[Inscrição para um portão de cemitério]
A morte não melhora ninguém".


Até o fim da semana.


- Heiðinn Hjarta.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Morte no Paganismo Nórdico



Morte nos tempos antigos dos nórdicos era associada com variáveis costumes e crenças. Não há só maneiras diferentes de realizar um funeral viking, mas também há várias noções de alma e para onde vão os mortos em sua pós-vida, como Valhalla, Fólkvangr, Hel e Helgafjell.

A alma.

Há pelo menos duas interpretações correntes conhecidas de alma pelos contos das antigas crenças nórdicas. O ultimo suspiro que uma pessoa dá era entendido como a evaporação do princípio da vida em uma fonte de vida que era primitiva e comum, e que estava no mundo dos deuses, natureza e no universo. Há também uma “alma livre” ou “alma onírica” que poderia somente deixar o corpo durante momentos de inconsciência, êxtase, transe e sono. A alma consciente compreendia tanto as emoções quanto a vontade e estava localizada no corpo e só podia ser liberada quando o corpo era destruído através de decomposição ou imolação. Quando o corpo jazia, a alma consciente poderia começar sua jornada para o reino dos mortos, possivelmente usando a alma livre como intermediária.


Funeral.


Os objetos funerários tinham o mesmo tratamento que o corpo, para poder acompanhar a pessoa morta em sua pós-vida. Se uma pessoa era imolada, então seus pertences funerários deveriam ser também, e se o falecido fosse enterrado, seus objetos seriam enterrados com ele também. O local de enterro de usual para um Thrall não era provavelmente maior que um buraco no chão. Ele era provavelmente cremado de uma forma a garantir que tanto ele não retornasse para assombrar seus mestres como que ele pudesse ser usado por seus mestres depois que eles morressem. Escravos as vezes eram sacrificados para serem úteis no pós-vida. A um homem livre eram dados usualmente armas e equipamentos para cavalgar. Um artesão, como um ferreiro, poderia receber seu conjunto de ferramentas. Mulheres eram providas com suas jóias muitas vezes com os objetos para suas atividades tanto domésticas quanto pessoais. O mais suntuoso funeral Viking descoberto é o navio-jazigo Oseberg, que era de uma mulher obviamente de elevado status social, que viveu no século IX.

Era comum queimar corpos e as oferendas mortuárias numa pira, que a temperatura alcançava 1400 °C; muito acima do atingido pelos dos modernos fornos crematórios. Tudo que permanecia eram alguns fragmentos de metal e alguns ossos humanos ou animais. A pira era construída de uma forma que o pilar de fumaça pudesse ser o mais massiço possível para garantir a elevação do falecido para a pós-vida.

No século VII um dia após a morte da pessoa, era celebrado o sjaund, ou brinde funeral, pois envolvia beber ritualisticamente. O brinde funeral era uma forma de demarcação social da questão da morte. Somente após o brinde funeral que seus herdeiros poderiam legalmente clamar a sua herança. Se o falecido fosse a viúva ou o chefe do lar, o legítimo herdeiro poderia assumir o trono e assim marcar sua mudança como autoridade.


Culto aos antepassados.

Um túmulo é muitas vezes descrito como moradia dos mortos, e era também o local do culto aos antepassados. A tradição de colocar comida e cerveja no túmulo sobreviveu nos tempos atuais, em algumas partes da Escandinávia. Esta tradição é uma lembrança do culto aos antepassados que era comum durante o início da cultura nórdica. Se os mortos eram bem cuidados, eles poderiam retornar para proteger o lar e seu povo, provendo a eles fertilidade.


Pós-morte

Os cultos aos ancestrais na Escandinávia antiga parecem contradizer outra idéia, que o falecido partia em uma viagem para o reino dos mortos, um reino que poderia estar situado dentro de uma montanha, no outro lado do mar, nos céus ou no submundo. Não há uma lógica conectando esses dois complexos de idéias, e os estudiosos não têm nenhuma resposta para se o morto permanecia no túmulo por um tempo e depois partia para o mundo dos mortos, que era onde seu espólio estava, ou se o navio transportava o falecido para o reino dos mortos.



Helgafjell

Helgafjell, “a montanha sagrada” era uma idéia de vida após a morte que aparecia nas fontes nórdicas do oeste. Esta montanha poderia ser uma formação montanhosa na vizinhança, e era tão sagrada que as pessoas não poderiam olhar em sua direção sem antes lavar o rosto. Na montanha sagrada, os integrantes dos clãs nórdicos levavam uma vida semelhante a que eles haviam tido vivido no mundo mortal. Alguns médiuns podiam olhar para a montanha e o que viam não era assustador, mas era um cenário com uma fogueira quente, onde bebiam e conversavam.


Hel

Essa concepção está em contraste gritante com reino de Hel, a sombria morada subterrânea governada por seu homônimo azul e preto a gigante Hel. O reino de punição era uma praia feita de cadáveres chamada Náströnd dentro de Hel. Seu mundo é separado do dos vivos por uma corredeira denominada Gjöll (retumbante), através do qual está Gjallarbrú uma ponte sobre o rio, por qual os mortos devem passar. Os portões são pesados, e fechando atrás daqueles que passam para nunca mais retornarem. Hel é o destino final para aqueles que não morrem em batalha, mas por idade ou doença. Não há razão para supor que as idéias de Hel são coloridas por influências cristãs que ensinava que havia um reino de punição que se opunha ao paraíso. A palavra Helviti, que ainda é o nome do Inferno no escandinavo moderno, significa “punição de Hel”. Não é certo que a noção pagã de Hel-Inferno era tão escura e sombria para os pagãos escandinavos. No Baldrs draumar, nós lemos que Hel tinha decorado uma generosa mesa quando ela esperava por Baldr para adentrar em seu salão. Ainda, é provável que não era um destino atrativo, como as sagas contam de guerreiros que cortavam a si mesmos com lanças antes de morrer a fim de enganar Hel para pensar que haviam morrido de forma heróica em batalhas.



Valhalla



Valhalla
era o destino de metade daqueles que morriam em batalha recolhidos como einherjar, uma comitiva reunida com um único propósito: manter-se apta para a batalha, em preparação para a última grande batalha; Ragnarök. Em oposição ao reino de Hel, que era um reino subterrâneo dos mortos, parece que Valhalla estava localizado em algum lugar nos céus. O reino de Odin era principalmente uma morada para os homens, e as mulheres que viviam lá eram as valquírias que pegavam os guerreiros caídos no campo de batalha e traziam-nos para o salão de Odin onde elas davam hidromel a eles. Há pouca informação para onde as mulheres iam, mas ambos Helgafjell e o reino de Hel deviam ser abertos a mulheres e os generosos presentes dados as mulheres mortas poderia demonstrar que eles entendiam haver uma vida após a morte para as mulheres também.



Fólkvangr

Fólkvangr é um campo pós-morte sob o domínio da deusa Freyja, que escolhia metade daqueles que morriam em batalha para morar com ela lá. De acordo com o poema da Poetic Edda, Grímnismál:


Fólkvangr é o nono, lá Freyja comanda
As audiências no salão.
Ela escolhe a metade dos mortos cada dia,
Mas Odin tem a outra metade.


Morte e ritos sexuais

Em fontes primitivas existe um complexo adicional de crenças que está conectado com a vida após a morte: A morte poderia ser descrita como um abraço erótico entre o homem morto e a dama que representa a sua vida. Esta dama era sempre Hel, mas também poderia ser Rán que recebia os que morriam no mar. As nove filhas de Rán são descritas como parceiras eróticas na morte. Há uma boa razão para acreditar que esses elementos eróticos não são só lucidez de Skalds, mas autenticas noções pagãs. No poema do século IX Ynglingatal, há várias estrofes onde os reis são ditos estarem “no abraço de Hel”. Várias sagas e poemas de Skalds descrevem mortes em batalha ou no mar com terminologia erótica. Os Skalds louvavam os bravos guerreiros do mar que lutavam em vão contra as forças da natureza, mas finalmente tinham que dar a torcer, e finalmente se deitavam na cama de Rán ou eram abraçados pelas suas nove filhas.


Várias imagens de pedra de Gotland mostram cenas que aludem a morte e erotismo, e as pedras são falos cerimoniais de dois a três metros de altura em memória dos mortos. As pedras têm sua superfície ricamente decoradas e elas têm um tema na sua parte superior: Uma cena de boas vindas ao reino dos mortos entre um homem e uma mulher. A mulher oferece um chifre de libação ao homem que chega montado no Slepinir. O que torna isto possível conectar as imagens para as fontes literárias, entre outras coisas é a forma do homem. Ele tem uma forma fálica. A cena pode descrever o falecido que está se unindo a Hel ou Rán. É principalmente reis e chefes que são retratadas com uma morte erótica, mas também a morte de um herói pode ser retratada da mesma forma.


No conto do testemunho de Ibn Fadlan do funeral viking, há a descrição de uma mulher escrava que seria sacrificada e que teve que passar por vários ritos sexuais. Quando o líder foi posto no barco, ela passou de barraca em barraca onde visitou guerreiros e comerciantes. Cada homem lhe dizia que eles fizeram o que fizeram por seu amor ao chefe morto. Finalmente, ela entrava em uma tenda que havia sido levantada no navio, e nela seis homens tinham relação sexual com ela antes que ela fosse estrangulada e apunhalada. Os ritos sexuais com a escrava mostravam que ela era considerada um receptáculo para transmitir a força do chefe morto.


A conexão entre morte e erotismo é provavelmente antiga na Escandinávia, e para atestar isso numerosas “pedras brancas”, grandes pedra fálicas foram erguidas sobre os túmulos. A tradição remonta ao século V, e no total 40 dessas pedras foram descobertas, e a maioria na costa sudoeste da Noruega. É possível que a morte requeresse uma porção extra de fertilidade e erotismo, mas também que os vivos recebiam força dos mortos. O pensamento pode ser de que a vida e a morte têm a mesma origem, e se uma pessoa morria, a fertilidade e a vida futura do clã seriam garantidas.




Original com referencias e notas em inglês traduzido por Heiðinn Hjarta:


http://en.wikipedia.org/wiki/Death_in_Norse_paganism